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37. Gênero e sexualidade nas práticas escolares

Coordenador@s: Cristiani Bereta da Silva (UDESC), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
Este Simpósio está em sua terceira edição e segue com o objetivo de oportunizar espaços de discussões e reflexões relativas às questões de gênero e sexualidade nas práticas escolares na Educação Básica, pensadas, aqui, como construções culturais, sociais e políticas. Pretende-se também promover debates sobre como se produzem as identidades e diferenças sexuais e de gênero dos sujeitos envolvidos nas relações escolares, enfatizando-se igualmente suas intersecções com questões de classe, raciais e geracionais. Nossos estudos estão fundamentados em posicionamentos que utilizam o conceito de gênero e de sexualidade como uma construção sócio-histórica das distinções/diferenciações baseadas no sexo. Isso equivale a dizer que a masculinidade e a feminilidade, ao contrário do que algumas correntes defendem, não são constituídas propriamente pelas características biológicas, mas são o produto de tudo o que se diz ou se representa dessas características. Tal posição não significa uma negação da dimensão biológica da existência humana, porém tomar em consideração as construções culturais que, historicamente, produzem e modelam corpos, desejos, significados e práticas. Portanto, o nosso agir, como homens e mulheres, bem como a direção de nossos desejos e práticas sexuais, encontram-se implicados nos processos de socialização em que fomos e estamos inseridos. Os gêneros e a sexualidade se fazem e se refazem, continuamente, ao longo da existência. A escola, enquanto espaço de práticas sociais e pedagógicas constituidoras de mecanismos que criam e recriam formas diversas de relações de poder, precisa debater sobre as implicações das relações de gênero e sexualidade nas práticas de inclusão/exclusão de seus/suas aluno(a)s, tanto nos processos de ensino-aprendizagem, como nos de acesso às condições de possibilidade a todas outras formas de promoção social. Acreditamos que é urgente a necessidade de estudos e reflexões sobre esses temas, sobretudo calcados no princípio de que os corpos são continuamente produzidos, significados e ressignificados na e pela cultura, e que a escola se constitui como uma dimensão importante dessas produções.

Local: Sala 329 do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Paulo Rogério da Conceição Neves (FEUSP)
    "É feio menina brigar": gênero e violência na escola
    Este texto pretende explicitar os resultados da pesquisa de mestrado desenvolvida em uma escola estadual do município de São Paulo na qual, durante o período pesquisado, ocorreram nove brigas envolvendo meninas. Procura, portanto, explicar tais episódios desnaturalizando a justificativa recorrente utilizada pela escola: as meninas brigariam por causa dos meninos. Revela, assim, que a opção pelo uso da violência por parte das meninas deriva de sua experiência cotidiana tanto na família quanto na escola e, também que, ao recorrerem à violência, contestam os estereótipos de gênero mais socialmente aceitos – amorosa, cuidadosa, pacífica, vítima... Como consequência são duplamente punidas quando agem de tal forma: por recorrerem à violência e por serem meninas que recorrem à violência.
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  • Joaquim Ramos (PUC-Minas), Maria do Carmo Xavier
    A presença de educadores do sexo masculino na educação e cuidado de crianças pequenas
    Esta comunicação focaliza os docentes do sexo masculino que atuam na regência de turmas de crianças abaixo de 6 anos de idade nas Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEIs) em Belo Horizonte . A indissociabilidade entre a educação e o cuidado de crianças pequenas, historicamente construída vinculada à figura feminina e materna, tem sido apontada como um dos fatores que dificulta a entrada e a permanência de docentes homens em instituições que atuam com essa faixa etária. Apesar disso, o número de docentes masculinos que ingressam nas instituições públicas municipais de educação infantil em Belo Horizonte tem crescido gradativamente após o ano de 2004. Que elementos explicam essa situação? Em que condições tem se dado essa presença masculina nestas instituições? Buscando responder essas questões e compreender as relações estabelecidas entre os professores e professoras que atuam na educação de crianças pequenas, o trabalho, balizado pelos estudos de gênero, discute os fatores que preponderam nessas relações e que são determinantes na escolha da profissão por homens que se dispõem a atuar profissionalmente em espaços reconhecidamente femininos e majoritariamente ocupados por mulheres.
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  • Suzana da Conceição de Barros (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
    As questões de gênero nas escolas: discursos das equipes pedagógica e diretiva
    Este artigo tem como objetivo analisar os discursos e entendimentos relacionados às questões de gênero dos/das profissionais das equipes pedagógica e diretiva, participantes do curso “Corpos, Gêneros e Sexualidades: questões possíveis para o currículo escolar”. Este curso fazia parte de um projeto financiado pelo MEC/SECAD, e foi organizado pelo Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola. Este trabalho fundamenta-se a partir dos campos teóricos dos Estudos Culturais e de Gênero nas suas vertentes pós-estruturalistas, bem como com algumas concepções de Michel Foucault. Para a produção dos dados narrativos, realizei entrevistas semiestruturadas e a formação de dois grupos focais. A análise das narrativas desses/as profissionais, nos possibilitou evidenciar o quanto a escola vem desempenhando um papel de destaque na constituição das identidades de gênero, ensinado gestos, estabelecendo proibições, reforçando os distintos lugares permitidos para meninos e meninas como na divisão do banheiro, na separação de meninos e meninas na disciplina de Educação Física e na separação das filas. Desse modo, as escolas agem controlando posturas, comportamentos e regulando os corpos de meninos e meninas.
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  • Francisco Diemerson de Sousa Pereira (UNIT), Dinamara Garcia Feldens (UNIT), Francis Deon Kich (UFS)
    Gênero e poder na escola contemporânea: um estudo pós-estruturalista
    O presente artigo é resultado de uma pesquisa maior realizada com transexuais durante o ano de 2009 na cidade de Aracaju, em Sergipe. Busca-se compreender como têm funcionado o discurso de gênero enquanto dispositivos de poder em sala de aula e em diferentes lugares escolares. De inicio, observamos a construção histórica e cultural do corpo na sociedade contemporânea. Destacamos como as práticas do cotidiano escolar agem como medidas de controle e produção do corpos, assim como o poder dominante e a sua ação de disciplinamento corporal se expressam neste espaço. Com base nos depoimentos obtidos durante a pesquisa, foi possível compreender em que medida a transexualidade reproduz uma norma corporal heterossexual compulsória. Observamos como as diferenciações produzem processos de segmentação que terminam por expurgar tais sujeitos de dentro do espaço escolar, o que nos faz pensar na intolerância como elemento ainda fortemente presente neste território. Com estas análises, foi possível perceber que apesar de estar inserida num novo tempo e espaço social, ainda assim a escola apresenta, através do seu ordenamento institucional, um elo que a fixa entre os conceitos e as concepções da Modernidade.
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  • Ileana Wenetz (UFRGS), Priscila Gomes Dornelles (UFRGS)
    Gênero e sexualidade: saberes (in)visíveis na educação física escolar?
    A partir dos Estudos Culturais, Feministas e de Gênero, particularmente na vertente pós-estruturalista, este texto problematiza como a sexualidade é incorporado na escola e, particularmente, na disciplina de educação física. Para isso, analisamos situações empíricas depreendidas de pesquisas realizadas em escolas públicas do município de Porto Alegre-RS e investimos nas noções de corpo, gênero e sexualidade para problematizar e visibilizar como estes conceitos se conformam no âmbito da instituição escolar. Assim, focamos alguns sentidos que professores/as e alunos/as atribuem à sexualidade na escola: é a sexualidade um saber (in)visível na escola e na educação física? Como este espaço educativo circunscreve formas de conhecer a sexualidade? Ao discutir que a escola e a educação física valorizam formas de ser feminino/masculino e maneiras mais legítimas de viver desejos e prazeres, entendemos que esse processo de significação produz hierarquias e desigualdades invisibilizadas no cotidiano escolar. Nesse sentido, a intenção é contribuir no debate acadêmico sobre sexualidade, decorrente de um posicionamento teórico-político para visibilizar que este tema deve ser compreendido tanto como constructo social quanto categoria relevante na educação física e na sua inserção escolar.
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  • Juliana Lapa Rizza (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
    Corpo, prazer, escolhas, diversidade, liberdade, tabus, mitos, curiosidade: representações das/os licenciandas/os sobre sexualidade e gênero
    Este trabalho tem como propósito analisar as narrativas produzidas durante os encontros com as/os licenciandas/os – sujeitos da pesquisa – que participaram do Curso “Sexualidade e Formação Inicial: dos currículos escolares aos espaços educativos”. Durante o curso foram desenvolvidas atividades com o intuito de problematizar as questões de corpos, gêneros e sexualidades no espaço escolar. Neste estudo, enfocaremos nossa análise nas narrativas relacionadas as questões de sexualidade e gênero, a partir da análise da atividade intitulada “Sexualidade é ...”, na qual as/os acadêmicos representaram por meio de desenhos, frases, recortes de revistas, músicas e palavras as suas representações sobre sexualidade. Para tanto estou fundamentando-me nos conceitos que consideram as questões de gênero e sexualidade como construções sócio-históricas e não como algo biológico e inato ao ser humano, somos constituídos enquanto sujeitos, masculinos e femininos, através das narrativas nos múltiplos espaços em que transitamos. A partir das análises foi possível perceber a produção de várias representações como, por exemplo, o entrelaçamento entre a sexualidade e as temáticas de gênero, dessa forma elas/es demonstraram que estão compreendendo a sexualidade para além das questões apenas biológicas.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Eder Rodrigues Proença (UNISO)
    Cartografia dos corpos estranhos: narrativas ficcionais das homossexualidades no cotidiano escolar
    A riqueza do cotidiano escolar é explorada a partir da etnografia que contribui para a composição de narrativas ficcionais, que abordam questões das homossexualidades, presentes ou não, nos espaços escolares da cidade de Sorocaba – SP. Tais narrativas vão delineando a cartografia dos corpos estranhos – aqueles e aquelas que assumem um posicionamento queer –, para enfrentar os ditames da heteronormatividade e fazer avançar reflexões de uma contemporaneidade composta de inúmeras possibilidades, onde cada um e cada uma possam exercer a cidadania num sentido mais amplo, vivenciando suas sexualidades, seus gêneros e suas identidades múltiplas e fluídas, que não se moldam a esquemas ou a espaços determinados, mas que se criam e se recriam, com a perspectiva de uma sociedade mais altera, justa, sustentável e menos violenta e preconceituosa. A pesquisa é embasada teoricamente pelas contribuições de Foucault (2007), no que envolve a discussão da sexualidade como construto histórico e social; Louro (2004) e Gallo (2006), ao debater as homossexualidades no âmbito da educação, do currículo e do cotidiano escolar; Guattari (1997), no que tange a cartografia e a subjetividade e; Reigota (1999), que possibilita, de maneira ética e criativa, o uso das narrativas ficcionais como aporte teórico numa pesquisa em educação.
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  • Leonardo Tolentino Lima Rocha (UFMG), Marco Aurélio Máximo Prado
    Projeto Educação sem Homofobia: possibilidades de interpelação do mundo público através do enfrentamento à homofobia na educação?
    O Projeto Educação sem Homofobia, financiado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), é desenvolvido pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (Nuh/UFMG) e tem como parceiros: grupos do movimento social LGBT e órgãos do poder público das cidades contempladas com o projeto. Em sua segunda edição, o projeto pretende capacitar 500 educador@s para a promoção do reconhecimento da diversidade sexual e o enfrentamento ao sexismo e à homofobia. Abordamos as sexualidades como construções histórica e socialmente demarcadas, com múltiplas possibilidades de expressão, buscando visibilizar aquelas inferiorizadas e negadas pela heteronormatividade. Apresentamos para debate a pesquisa em andamento que propõe a avaliação do impacto do Projeto Educação sem Homofobia na instituição escolar e no cotidiano profissional d@s educador@s. A proposta é investigar como, mesmo em um processo homogeneizador, como o desenvolvido pelo projeto pedagógico republicano, a capacitação de educadores/as para o combate ao preconceito e à discriminação a grupos identitários, que exige lentes para ler a diversidade de experiências sociais silenciadas, consegue impactar a instituição escolar com vistas à interpelação do mundo público, ampliando a conquista de direitos.
  • Rogério Diniz Junqueira (INEP)
    Currículo, cotidiano escolar e heteronormatividade em relatos de professoras da rede pública
    Cotidiano e currículo estão mutuamente implicados. No dia-a-dia escolar, há um turbilhão de discursos, gestos e ocorrências e dele fazemos parte. Trata-se de uma cotidianidade que se desdobra na esteira de situações corriqueiras e incomuns, dentro e fora da sala de aula, nas mais distintas, banais ou inusitadas situações de aprendizagem, na quais se constroem saberes, sujeitos, identidades, diferenças, hierarquias.
    Observar a trama do cotidiano escolar revela situações e procedimentos pedagógicos e curriculares (explícitos, implícitos e “em ação”) vinculados a processos sociais por meio dos quais se desdobra e aprofunda a produção de diferenças e distinções sociais que interferem, direta e indiretamente, na formação, no desempenho escolar e na desigualdade da distribuição do sucesso/fracasso escolar.
    Ao problematizar fragmentos de relatos de professores/as sobre episódios de homofobia nas escolas, pretende-se refletir sobre dimensões da heteronormatividade que impregnam o “currículo em ação”. São relatos que remetem a situações recorrentes, vividas em cada sala ou pátio escolar, nas instâncias de deliberação da política educacional, nos ambientes de trabalho e lazer, em muitas famílias, ligadas a processos heterorreguladores de produção de corpos, sujeitos e identidades.

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  • Rosimeri Aquino da Silva (UFRGS)
    Escola, direitos humanos, violência, “minorias sexuais”
    Neste texto trabalho com a hipótese de que, por meio de dispositivos pedagógicos instituídos (currículos, materiais didáticos, normas, procedimentos, entre outros), a escola participa da demarcação social das diferenças/ desigualdades de sexualidade. O imperativo heterossexual constituído nas instituições escolares contribui para que jovens LGBT configurem um grupo social de grande vulnerabilidade frente às práticas de violência e bullying. Jovens LGBT tendem ao isolamento e ao abandono da escola, visto o ambiente hostil que ali encontram. Esta hipótese é resultante, em parte, de anotações circunstanciais feitas ao longo de minha experiência como educadora em instituições escolares e policiais. Trata-se de memórias sobre debates suscitados em sala de aula, análise de entrevistas, de observações e de trabalho em grupo focal, onde obtive informações sobre definições, sentimentos, experiências e atitudes, crenças e valores sobre essa problemática, a partir do ponto de vista de alunos, de professores, orientadores e demais profissionais do campo educacional.
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  • Felipe Bruno Martins Fernandes (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC), Joana Maria Pedro
    Estratégias brasileiras de combate à homofobia na escola (2004-2009)
    Nesta apresentação abordaremos resultados de pesquisa doutoral sobre o “Brasil sem Homofobia” (BSH), programa federal que está em desenvolvimento em vários ministérios e secretarias. Este programa foi lançado em 2004 e teve como base a publicação de indicadores sobre seu público alvo - a “população vítima de violência homofóbica”, e especial atenção foi conferida aos dados de assassinatos de homossexuais. Paralelamente deu-se ênfase à questão da sexualidade na escola, tema que se tornou alvo da recém-criada Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) no Ministério da Educação (MEC). Nossa pesquisa centrou-se nas principais estratégias de combate à homofobia no MEC: 1) formação de professoras/es, 2) organização de eventos, 3) produção de material didático, e 4) organização de prêmios e concursos. A partir da análise de documentos públicos, notícias veiculadas no site do MEC e observação de cursos apoiados pelo BSH concluímos que há o enfrentamento da homofobia nas escolas a nível federal, apesar deste enfrentamento gerar tensões no campo, especialmente nas instituições executoras de cursos de formação e nas categorias-chave usadas nas políticas educacionais (homofobia e/ou diversidade).
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  • Aline Ferraz da Silva (UFPel)
    Homossexualidades e educação formal: um olhar gay no currículo
    O texto foi construído a partir de algumas análises apresentadas na pesquisa que realizei em nível de mestrado a respeito dos efeitos que identidades sexuais não normativas produziram no currículo - entendido como tudo que acontece no ambiente escolar - de uma escola pública do Rio Grande do Sul. A partir da visibilidade e da fala de três estudantes auto-nomeados gays sobre suas vivências dentro e fora da escola, analiso o potencial desestabilizador dessa identidade sobre a heteronormatividade, desafiando e atrapalhando a produção de uma sexualidade considerada normal pelo currículo. Considero que o caráter performativo da diferença desse grupo leva o imprevisto para a escola, possibilitando que se pense o currículo também como local de desconstrução das identidades.
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  • Deise Azevedo Longaray (FURG), Paula Regina Costa Ribeiro (FURG)
    Discutindo a relação entre os marcadores sociais de gênero e a homossexualidade
    Este artigo tem como objetivo analisar dados narrativos produzidos por adolescentes acerca das representações de gênero que se relacionam à homossexualidade, buscando problematizar o entrelaçamento das identidades de gênero e das identidades sexuais. A fim de discutirmos sobre tais questões, estabelecemos algumas conexões com o campo dos Estudos Culturais, nas suas vertentes pós-estruturalistas. A escola, a partir de múltiplos discursos, práticas, códigos, regras e saberes determina o que os sujeitos podem ou não podem fazer, posicionando-os e instituindo maneiras de ser homem e de ser mulher na sociedade. Nas narrativas analisadas evidenciamos que a homossexualidade, para os/as adolescentes, é permeada por questões de gênero, fato que produz efeitos, na sociedade, sobre a diferença entre a homossexualidade feminina e a masculina. Segundo eles/as, há uma maior aceitabilidade da homossexualidade feminina, porque entre duas mulheres há mais carinho, amizade, permite-se uma relação mais próxima. Já entre dois homens isso não “pode” ocorrer, devido ao fato de que homem na nossa sociedade, tem que ser grosseiro, viril, etc. Além disto, apresentamos algumas narrativas que rejeitam ambas as identidades sexuais mencionadas, o que possibilitou a problematização da temática homofobia neste estudo.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Daniela Amaral Silva Freitas (UFMG), Marlucy Alves Paraíso (UFMG)
    A subjetividade docente produzida e demandada nas HQs do Chico Bento
    As diferentes formas por meio das quais as professoras têm sido ditas, nomeadas e apresentadas, ao longo da história, repercutem na forma como são concebidas hoje. Os mais diversos discursos – escolar, midiático, literário, político – produzem diferentes narrativas sobre essas mulheres que, conseqüentemente, competem e lutam entre si para adquirirem um estatuto de verdade. As HQs do Chico Bento também fazem parte desse processo de construção ao apresentarem demandas sobre o ser professora. Esse trabalho tem como objetivo analisar, com olhos de gênero, as práticas de subjetivação das docentes divulgadas no discurso escolar veiculado nas HQs do Chico Bento. O argumento apresentado é o de que são divulgadas três marcas de subjetividade docente: polivalente – comprometida, moralista, afetiva, cuidadosa e carinhosa; histérica e irritada; e romântica, apaixonável e assexuada; que são, em si mesmas, conflituosas e que disputam espaço na produção da professora demandada no discurso da educação escolar das HQs do Chico Bento. Apesar de se ter encontrado certa diversidade de características relacionadas ao fazer docente, todas elas são predominantemente marcadas por um traço de feminilidade, ou seja, narram a docente com traços socialmente e culturalmente associados às mulheres.
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  • Claudio Roberto da Silva (USP)
    A igualdade ainda vai chegar
    A presente comunicação se refere a noção de respeito aos direitos humanos e sua relação com a garantia do reconhecimento do direito à não discriminação das diferenças sexuais no espaço escolar. A reflexão busca entender as tensões sobre o reconhecimento da noção universal e abstrata de respeito aos direitos das diferenças sexuais, termo que na escola pode ser ressignificado como tolerância e/ou como reputação. Para abordá-las, houve uma apropriação dos conceitos de gênero e de sexualidade, assim como da teorização sobre a defesa simultânea dos direitos à igualdade e à diferença. Ainda no tocante a compreensão das violações cometidas contra os direitos humanos, a comunicação observa como a homofobia pode ser vista como uma forma específica de violência que produz campos de discriminações resultantes de noções, valores e expectativas sobre masculinidades e feminilidades dirigidas a todos/as, independentemente de sua orientação sexual; assim como das formas e dos conteúdos da humilhação, cuja categorização ajuda na compreensão da forte regulação de gênero, que por vezes ocorre associada à sexualidade, como um fator que dificulta o trabalho pedagógico com os valores democráticos e de cidadania.
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  • Leonardo Ferreira Peixoto (UCP)
    Memórias de homens auxiliares de creches municipais, da cidade do Rio de Janeiro
    O presente trabalho é resultado de pesquisa realizada entre homens, que atuam como auxiliares de creche, na cidade do Rio de Janeiro. As práticas dos auxiliares de creche diferenciam-se das atividades exercidas pelas auxiliares de creche? Como se dão as relações destes sujeitos com os demais atores da comunidade escolar (responsáveis, professoras/es, coordenação pedagógica, direção) ? O objetivo do estudo é resgatar as mémorias dos auxiliares de creche e através delas percebemos os limites e possibilidades, diante do preconceito existente no cotidiano das creches. As histórias e memórias foram coletadas durante conversas realizadas num curso de formação de professores para auxiliares de creche e durante visitas às instituições. O resultado do estudo aponta grande diferença nas práticas realizadas por homens e mulheres ocupantes da mesma função, bem como reiterados relatos de preconceito sofridos por estes homens, no exercício de suas atividades.
  • Beatriz Fontana (UNIRITTER)
    Identidade de gênero em práticas sociais de sala de aula: performando feminilidades e masculinidades situadas
    Esta comunicação apresenta uma análise de dados de aulas de inglês em uma escola pública de Porto Alegre, aplicando a noção de Butler (1990) sobre ‘feminino’ e ‘masculino’ enquanto efeitos que produzimos por meio do que fazemos e não como características que possuímos. Associada à compreensão de que a aprendizagem é uma prática social (WENGER, 2003), a sala de aula se constitui numa comunidade de prática (WENGER, 1998) na qual identidades e significados são permanentemente negociados. Essas práticas sociais, tidas como regulares, coordenadas por normas de participação, crenças, modos de falar e modos de agir, segundo interesses específicos que se realizam em lugares específicos em momentos específicos, reproduzem o script cultural que confere certa tipicidade a esses eventos (CAMERON, 2010). No entanto, segundo a noção de performatividade, a diferença de gênero social é construída e tornada visível pelo discurso, como demonstram excertos de interações de aula gravados em vídeo, transcritos e analisados nessa perspectiva. Conclui-se que as normas culturais que definem ‘masculinidade’ e ‘feminilidade’ geram condições para que gênero precise ser permanentemente reafirmado e publicamente exibido através de performances repetidas (CAMERON, 2010), como se observa neste estudo.
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  • Maria Cristina Cavaleiro (UENP - Cornélio Procópio)
    O maior desejo da boca é o beijo: nos limites (hetero) sexuais
    Este texto pretende apresentar alguns resultados de pesquisa de doutorado desenvolvida em uma escola estadual de ensino médio na cidade de São Paulo, com garotas que se consideram lésbicas, homossexuais ou bissexuais. A investigação empírica evidenciou que os usos dos espaços-tempo na escola definem estratégias e condutas e organizam socializações, determinam o aceitável e o impróprio. Nesse processo, foi possível notar tensões, táticas e astúcias que oportunizavam o questionamento da heteronormatividade na escola, porém as relações escolares evidenciavam arranjos sutis para o exercício do controle, da vigilância e da garantia de um cotidiano “quase inteiramente heterossexual”. Esta discriminação ocorre mediante uma coação peremptória visando ocultação, silenciamento e dissimulação das formas de viver a sexualidade não-heterossexual, bloqueando e impedindo vínculos de amor e afeto entre as garotas. Nos processos de socialização de gênero e sexualidade, a estigmatização em relação às garotas ocorre de forma velada e ambígua interpelando-as para uma experiência discreta, separada, legitimando a transformação de diferenças em desigualdades.
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  • Marcio Rodrigo Vale Caetano (UFF), Silvina Fernandez, Paulo Melgaço da Silva Junior (UERJ)
    Corporalidades que não se capturaram em currículos e que desestabilizam os discursos normativos de gêneros na escola
    Com a possibilidade de invenção de si, emerge a figura do sujeito em uma incompletude absolutamente crônica alimentada pela necessidade de legitimidade e satisfação numa cidade de infinitas ofertas identitárias e interesses conflituosos. Com as (bio)tecnologias vários estilos de vida são apresentados aos sujeitos, possibilitando-lhes a ampliação de experiências e corporalidades que interpelam os reconhecidos marcadores de gênero e influenciam na forma como os sujeitos se percebem, se articulam e se narram nos seus espaços sociais. A partir deste cenário, as três investigações aqui apresentadas, desenvolvidas em programas de Pós-Graduação em Educação da UFF e da UERJ, constatam que ainda que nos diferentes espaços escolares se busque interditar o corpo e aprisioná-lo em modelos heteronormativos e androcêntricos, as corporalidades assumem linhas de fuga que desestabilizam as legibilidades sociais de gênero e criam corpos que não se capturam pelas expectativas identitárias instituídas nos discursos normativos presentes no cotidiano escolar. Desta forma, as dificuldades ou impossibilidades de capturar essas corporalidades geram situações de “mal-estar institucional”, podendo ocasionar ações de vigilância e subalternização daqueles e daquelas que não se ajustam às normas.
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