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54. Migrações da canção brasileira: gênero, regionalismos, sentimentos e preconceitos

Coordenador@s: Dilton Cândido Santos Maynard (UFS), Márcia Ramos de Oliveira (UDESC)
Como proposta a este Simpósio Temático pretende-se abordar a canção brasileira sob suas múltiplas faces, enquanto expressão da oralidade, através da palavra cantada. Levando-se em conta que, tal forma discursiva é como tal miscigenada, decorrente da justaposição de diferentes elementos de linguagem, e seus espaços (e ciberespaços) de difusão, possibilitando variadas percepções acerca dos enfoques a que se propõe enquanto forma de comunicação. Neste sentido, através da canção enquanto ambiente simbólico e relacional, é possível vislumbrar na cultura brasileira diferentes ênfases e interpretações acerca das relações de gênero, da cultura migrante, da emergência dos regionalismos, dos sentimentos e preconceitos associados a noções de identidade e pertencimento que tal expressão propicia.

Local: Sala 603 do CED

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Márcia Ramos de Oliveira (UDESC), Kamylla Silva (UDESC)
    A rosa do peito da terra: natureza e sentimento nacional na canção Chuá, chuá
    Através de um estudo de caso, a canção Chuá, chuá, pretende-se identificar aspectos relacionados a história do país, sob a perspectiva da recém-surgida República, em meio ao nascimento de um ideário de pertencimento e identidade nacional. Considerada, aparentemente, uma canção do tipo “regional”, Chuá, chuá, deixa perceber uma determinada forma de sentimento envolvendo a contraposição entre o humano e a natureza, a contradição entre os espaços sociais, a figurativização de um perfil feminino ao descrever temas como este.
    É possível observar nesta criação musical uma forma de “brasilidade” regional, definidora de um perfil de identidade e representação, a partir dos elementos que a integram. Neste documento, procura-se analisar em que medida, enquanto expressão de oralidade, esta canção aponta para uma forma discursiva miscigenada, valendo-se da justaposição de diferentes elementos de linguagem.
    O processo de pesquisa deverá desenvolver-se tendo por parâmetro o fonograma e /ou o registro sonoro presente nos blogs e sites portadores desta memória musical. Pretende-se como isso, também, em parte, problematizar a relação de pesquisa surgida desta prática.

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  • Gabriel Ferrão Moreira (UDESC)
    A maldita santa: transfiguração do feminino na música “Geni e o Zepelim” de Chico Buarque
    Nesse artigo discuto a representação do gênero feminino e sua sexualidade apresentada por Chico Buarque na Canção "Geni e o Zepelim", por via de uma musicologia feminista – disciplina que estuda questões de gênero (relacionadas ao feminino) no interior do material musical e nas condições sociológicas e antropológicas que propiciam o surgimento dessa música.
    Composta em 1977-1978, para a peça Ópera do Malandro, a canção apresenta em sua letra um intricado sistema de relações interpessoais, ampliadas ao nível sociológico à medida que se compreende a protagonista Geni também como uma personagem social representativa de uma parcela discriminada da sociedade. Ao admitir isso proponho que se perceba a construção da poesia de “Geni e o Zepelim” como uma sugestão do compositor ao ouvinte sobre a subjetividade da cidade acerca de Geni, onde o estereótipo construído sobre a mulher que “dá pra qualquer um” e “é feita pra apanhar”se constrói como uma hipérbole das disposições reais de liberdade sexual e “bruxificação”da mulher. Essas resoluções sociológicas e percepções de gênero serão apoiadas pela análise de canção (música e letra) o que também mostrará, por sua vez, a maneira que Chico Buarque se relaciona com as representações musicais do feminino na história recente da canção popular.

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  • Luciane de Paula (Université François Rabelais - Tours), Marina Haber de Figueiredo (UFSCar)
    Geni, a Maria Madalena de Chico Buarque: aclamações e apedrejamentos na canção e no mundo, ontem e hoje
    A proposta desta comunicação é, a partir da canção "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, vista como arena onde se digladiam vozes sociais, analisar a crítica ao preconceito pela prostituição e pela travesti Geni, a "heroína" do discurso. Partir-se-á do dialogismo e da polifonia presentes nas vozes dos sujeitos da letra da canção, abordados a partir da perspectiva do Círculo de Bakhtin. As relações de poder (Bakhtin e Foucault), imbricadas nas relações de gênero, são o centro da análise, a partir do qual será tratada a questão do pertencimento/não-pertencimento de Geni, sua aceitação e recusa, de acordo com os interesses vigentes, por parte dos sujeitos presentes no discurso verbal da canção, que simbolizam esferas de poderes sociais diferentes. Pensar nessas relações significa pensar nas diásporas e nos deslocamentos dos gêneros, bem como isso ocorre na diversidade cultural brasileira. A hipóitese é a de que a imagem da canção desvela o preconceito da nação ao criticar a hipocrisia orquestrada por Chico, que rege o coro das vozes sociais, ao mesmo tempo, aclamadoras e apedrejadoras, que apagam Geni, a travesti Maria Madalena da canção.
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  • Tiago Fernandes Alves (UFCG)
    A significação da música brasileira na perspectiva de músicos espanhóis residentes na cidade de Granada, Espanha
    Por necessidades políticas e ideológicas, o Estado brasileiro em princípios do século XX, juntamente com o fomento da indústria cultural, iniciaram um “projeto” de construção da identidade brasileira. Mídia e Estado sintetizaram de maneira vil a noção que muitos países, e neste caso a Espanha em particular, possuem do que venha a ser Brasil e sua cultura. Assim sendo o objetivo deste trabalho foi mostrar a correlação que existe entre fontes históricas e pesquisa empírica, através de entrevistas semi-dirigidas, visando perceber a noção que músicos espanhóis, residentes em Granada, possuem da música brasileira, como também da identidade do povo brasileiro. Sob o olhar crítico de alguns autores da Escola de Frankfurt em relação ao controle ideológico da indústria cultural, se pôde perceber de que maneira se deu esta construção muitas vezes fantasiosa do que venha a ser Brasil, sua cultura e seu povo.
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  • Jefferson William Gohl (UnB)
    Nara, Gal e Rita: trajetórias, projetos e migrações das mulheres do tropicalismo
    Portadoras de carreiras e lugares sociais específicos no campo da canção brasileira, três mulheres tiveram um encontro singular no movimento Tropicalista. Nara Leão, Gal Costa e Rita Lee. Movimento este que acabou resultando no disco manifesto Tropicália, de 1968. Mais do que identificar sexismo, machismo ou uma perspectiva masculina ou feminina neste movimento, o presente trabalho pretende investigar, em que medida as propostas contraculturais que relativizavam o lugar das mulheres na sociedade durante a década de 1960-70 interferiram nas trajetórias, carreiras e opções estéticas de Nara Leão, Gal Costa e Rita Lee. As discografias disponíveis das artistas permitem traçar as migrações da canção, por meio das letras, arranjos e parcerias escolhidas que enfatizam um lugar da voz feminina na música de consumo brasileira. O canto engajado, a dicção bossa nova e as retomadas da música de consumo, são elementos disfóricos que permeiam as relações descontínuas do movimento, mas que se concretizam em cada uma das artistas de maneira singular e pode promover uma reflexão quanto as audições possíveis no canto das mulheres, que naquela década conquistaram espaços na sociedade e concomitantemente no ambiente de trabalho da grande indústria fonográfica.
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  • Jussara Bittencourt de Sá (Unisul)
    Beija-flor e rosa-choque: arte com sabor de fruta mordida
    Pretendo, neste artigo, trazer à cena algumas reflexões sobre as interfaces de artistas e suas artes. Parto do pressuposto de que, sempre constante na vida do homem, as artes representam seus tempos, sentimentos subjetivos e universais. Tanto a palavra, como o ritmos, a melodias e a imagem podem provocar o gosto e/ou a contestação. Para tanto, proponho observar os deslocamentos diálogos entre as artes, com ênfase, em composições e em momentos da biografia de Rita Lee e Cazuza. O objetivo é verificar a presença de similitudes entre os referidos artistas, evidenciando possíveis influências, interferências de outros, bem como migrações de suas obras. Procura-se, assim, destacar como a arte de Rita Lee e Cazuza, em versos, reflete imagens, como também migra, interfere, provoca, contesta, de maneira subjetiva evocando elementos culturais. A opção desta investigação deu-se por considerar a importância dos artistas e de suas obras, também, pelas interfaces temporais e identitárias que promovem com literatos de diferentes lugares. Rita Lee e Cazuza apresentam cenário musical no qual se presenciou/ presencia-se o transitar de mitos e pensadores, artistas como Rimbaud, Clarice Lispector, Fernando Pessoa. Conclui-se que pensar sobre as linguagens das artes é migrar sinestesicamente pelo aroma de sentimentos com cores e sabores instigantes e atuais
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  • Dilton Cândido Santos Maynard (UFS)
    Canções brasileiras e ciberespaço: recepções, deslocamentos e identidades
    As tensões existentes entre o ciberespaço, este mundo de fluidez ininterrupta e a vida cotidiana são mais freqüentes do que poderíamos imaginar. Por isto, a pesquisa analisa a produção de canções brasileiras nos primeiros anos do século XXI, observando como a temática da cibercultura aparece em diferentes gêneros musicais. Em tais produções, evidenciamos distintas formas de recepção. Percebe-se, por exemplo, um avanço cada vez maior em relação aos efeitos, seduções e desencantos provocados pelo avanço tecnológico e pela popularização de elementos da cibercultura. Por conta disto, as narrativas musicais se apropriam de elementos como o Orkut, os chats e os blogs e neles situam diferentes histórias. Ao mesmo tempo, ressaltamos os indícios que tais canções oferecem para a constituição cada vez mais comum de relacionamentos inteiramente virtualizados e para a formação de novas identidades. E, ao nadar no oceano da web, muitos se afogam em relações afetivas desproporcionais. Amam bits e megabytes, mas não percebem os riscos deste amor líquido. A pesquisa espera evidenciar o quanto a Internet tem transformado normas de conduta e promovido novos padrões de relacionamentos afetivos. Nas canções, nos versos de apologia ao ciberespaço, tudo parece estar ao alcance de um clique.
  • Marina Bay Frydberg (UFRGS)
    Entre os instrumentistas e as cantoras: o lugar do feminino e do masculino no samba, no choro e no fado
    O samba, o choro e o fado são considerados gêneros musicais tradicionais, elementos formadores da identidade nacional e estão vinculados com todo um imaginário sobre o que é o Brasil e a música popular brasileira, no caso do samba e do choro, e o que é Portugal e a música portuguesa, no caso do fado. Nestes últimos dez anos, jovens músicos estão (re)criando estes gêneros musicais tradicionais e, a partir da sua (re)criação e da inserção nas suas tradições fizeram com que o samba, o choro e o fado atualizassem seu imaginário e sua identidade e, assim, ganhassem nova vitalidade. Mas esses jovens músicos também atualizaram papéis de gênero previamente estabelecidos, desta forma o feminino e o masculino possuem lugares definidos e performatividades específicas nestes gêneros musicais tradicionais. Seja pelo instrumento que se toca, pela roupa que se veste, pela imposição das mãos ou o saber dançar, estes jovens músicos de samba, choro e fado estão, através da tradição musical na qual se inserem e da performatividade das suas tradições, construindo identidades sociais e de gênero.
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  • Sônia de Melo Feitosa (UFRN), Marwyla Gomes de Lima (UFRN), Milena Gomes de Medeiros (UFRN)
    Patriarcado e forró: uma analise de gênero
    O termo gênero aqui é entendido como um conceito meio que possibilita desvendar como se estabelecem as relações entre homens e mulheres. Analisando estas relações é possível apreender como as desigualdades entre as categorias de gêneros são construídas historicamente numa relação de poder, dominação e exploração que privilegia o masculino. Isso ocorre por que as relações sociais de gênero na sociedade de classe comportam uma ideologia – a ideologia Patriarcal, que constrói a realidade das mulheres a partir da perspectiva de supremacia masculina. Neste sentido, esse trabalho tem como objeto de estudo o patriarcado nas suas mais variadas formas de expressão. Os meios de manutenção das relações patriarcais de poder são os mais diversos. Neste estudo nos concentramos no campo da arte musical. Contudo, nossa atenção se volta para um entre os mais variados gêneros musicais - o forró, mais precisamente o forró estilizado como campo de nossa pesquisa. Ao analisarmos as letras desse estilo de forró identificamos expressões voltadas para a construção de imagens estereotipadas e depreciativas das mulheres, que cristalizam e dão sustentação às formas de dominação, opressão e de violação de seus direitos humanos e, que sutilizam a força cultural do patriarcado.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Laura Rosa da Silva (UNIVALI), Leandro Castro Oltramari (UNISUL / UNIVALI)
    De beija-flor a urubu: representações das mulheres na música gaúcha
    Este estudo buscou compreender as representações das mulheres em dois movimentos da música gaúcha: a tchê music e a música campeira. Foi realizada uma pesquisa qualitativa documental, através da leitura de 389 músicas, das quais foram analisadas 80, referentes a 4 representantes dos movimentos, de discografias de 2004 a 2008. Os representantes foram selecionados a partir de comunidades de um site de relacionamento da internet -“Orkut”. Os resultados possibilitaram encontrar 7 categorias e 6 subcategorias referentes às representações do feminino: 1) Coisificação das mulheres a) Contemplação das mulheres, b) Mulheres comparadas a animais e c) Mulheres atreladas ao consumo; 2) Mulheres que trazem sofrimento, a) Mulheres que abandonaram, b) Mulheres que dominam a relação, c) Mulheres que apresentam iniciativa; 3) Mulheres atreladas à sedução, 4) Desqualificação das mulheres; 5) Mulheres submissas; 6) Mulheres sujeito e 7) Atribuição positiva às mulheres. Pode-se observar como diferença fundamental da representação das mulheres nos dois movimentos, a reafirmação da submissão e passividade na tchê music, contrapondo, às possibilidades de ser sujeito na música campeira.
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  • Eric Allen Bueno (UDESC)
    Uma análise da música “Adeus Mariana” do compositor Pedro Raimundo no filme “Adeus Mariana” do diretor Acir Kochmanski
    Produzido em 1985, o filme “Adeus Mariana” do diretor Acir Kochmanski foi baseado na música de mesmo nome do compositor Pedro Raimundo. O filme conta uma história romântica entre Lourenço e Mariana cujo clímax se da na briga do casal ritmada pela música tema. Nosso foco é sobre como se dá a interação entre a música tema e sua representação fílmica, acarretando uma forma de se ver/pensar a mulher. A analise se pauta na semiótica sincrética e tem como referêncial teórico Pierre Bourdieu.
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  • Thiago Passos de Oliveira (UFSCar)
    Samba aqui, samba ali, samba acolá: análise das novas configurações do samba como construtor e demarcador identitário de gênero e raça entre as sambistas no Rio de Janeiro e Pelotas (RS)
    A presente comunicação tem por objetivo investigar o samba como construtor e demarcador identitário plural através do qual podemos entrelaçar, numa perspectiva relacional, questões como raça e gênero superando antigas dicotomias que colocavam o samba como uma expressão da identidade nacional calcada numa univocalidade. Apresentaremos a multiplicidade de identidades de gêneros nas rodas de samba carioca e pelotense a partir da análise das categorias nativas utilizadas para denominar as mulheres freqüentadoras desse universo ritual, sendo estas, constantemente, (re)produzidas e reafirmadas pela dinâmica das próprias rodas. Essas categorias nativas fornecem indícios suficientes para superar a simples oposição binária de gênero, entre os participantes dos eventos, além de evidenciarem diferenças entre as próprias participantes, situadas dentro de uma complexa relação entre identidades que excede essas próprias categorias frente a questões como sexualidade e corporalidade, como uma das possíveis formas de nova construção identitária na contemporaneidade. As rodas de samba foram escolhidas por serem os locais onde se processam as criações e re-significações constante, tornando-se assim altamente simbólicos e ultrapassando uma simples reunião baseada na manifestação de cantar e dançar.
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