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22. Espaços, deslocamentos, diásporas

Coordenador@s: Leila Assumpção Harris (UERJ), Sandra Regina Goulart Almeida (UFMG)
O caráter gendrado das diásporas contemporâneas e a feminização dos movimentos globais, amplamente abordados pela crítica feminista contemporânea, nos fornece subsídios significantes para refletirmos sobre os espaços discursivos, geográficos e afetivos retratados na literatura e na produção cultural contemporânea. Partindo do pressuposto que as configurações de poder diferenciam os movimentos transnacionais e as chamadas “novas diásporas” da contemporaneidade, torna-se necessário examinar não só as especificidades históricas e culturais, como também as interseccionalidades que figuram nesses processos. O espaço, tanto público como privado, que os sujeitos desterritorializados e desraizados passam a habitar nas trajetórias diaspóricas e nos movimentos transnacionais, é reconfigurado de acordo com os múltiplos posicionamentos do sujeito e a variedade de circunstâncias a que estão submetidos. Argumentando que a condição diaspórica estimula a ficcionalização de memórias e aspirações, Susan Friedman teoriza o que ela chama de uma poética do deslocamento, gerada principalmente a partir desses espaços de afeto e transformação. Na verdade, tanto Friedman como outras críticas feministas discutem como essas rupturas desencadeadas a partir de deslocamentos múltiplos – geográficos, culturais, linguísticos e psíquicos – afetam marcadamente as relações de gênero. As representações literárias e culturais da experiência da movência e da diaspórica promovem, pois, a possibilidade de questionamentos e a articulação de posições políticas sob uma perspectiva de gênero. Nesse sentido, o simpósio em tela pretende discutir a forma como essa produção cultural fomenta tais questionamentos a partir da problematização das relações de gênero na contemporaneidade.

Local: Sala 310 do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Izabel F. O. Brandão (UFAL / UFMG)
    Dimensões políticas e afetivas do espaço/lugar: revisões e retecimentos a partir de textos literários do século XX
    A problematização do espaço/lugar interessa ao feminismo, porque o seu dimensionamento pode gerar respostas que caminham tanto pela perspectiva política quanto pela afetiva, na construção identitária das mulheres. Nesse sentido, esta proposta de trabalho, que apresenta resultado de pesquisa desenvolvida entre 2007 e 2009 sobre autoras contemporâneas (CNPq), pretende contribuir no debate para uma possível revisão conceitual em torno da diferença entre a perspectiva do espaço, que incorpora a geografia física, e a do lugar, que inclui a dimensão do afeto. O contexto do lugar impõe, para além da geografia física, uma discussão política e ideologicamente comprometida, sem necessariamente descartar o componente do afeto, que, quando mal interpretado pode ser associado à nostalgia, podendo transformar-se em algo de caráter sentimental e reacionário (MASSEY 2007 [1994]). Assim, para além da discussão teórica sobre espaço/lugar, textos literários situados no século XX serão trazidos como evidência do como autoras de língua inglesa – Grace Nichols e Bessie Head especialmente - percebem a questão do lugar do afeto e como a dimensão afetiva de um espaço/lugar pode-se tornar política (BRANDÃO 2007; 2009) na construção da identidade de personagens femininas.
  • Peonia Viana Guedes (UERJ)
    Deslocamentos identitários e culturais: as narrativas autobiográficas de Esmeralda Santiago
    As narrativas autobiográficas de Esmeralda Santiago (When I Was Puerto Rican, 1994; Almost A Woman, 1998; The Turkish Lover, 2004) serão investigadas sob a ótica de uma poética do deslocamento. Definidas como “memórias” por Santiago, as três obras traçam a infância da autora em Porto Rico, seu deslocamento para os Estados Unidos e o processo de negociação entre duas culturas, que resultará em uma identidade adulta irrevogavelmente híbrida. Discutindo a importância do subgênero literário “memórias” nas narrativas de sujeitos femininos diaspóricos, minha apresentação focalizará os deslocamentos identitários e culturais da personagem Negi/Chiquita/Esmeralda em seu diálogo entre os preceitos familiares que determinam o comportamento de uma “casi señorita” e de uma “mujer decente” na cultura portoriquenha e a necessidade de renegociar sua identidade na linguagem e na cultura norte-americana, A autora/narradora/personagem assim expressa sua perplexidade: “Eu tinha sido portoriquenha minha vida inteira e não havia me dado conta de que em Brooklyn eu seria uma outra pessoa” (Santiago: 1998, p. 5).
  • Leila Assumpção Harris (UERJ)
    Perspectivas diaspóricas nas literaturas de expressão inglesa
    As conexões entre a consciência diaspórica e a expressão literária certamente figuram entre as questões a serem abordadas quando focalizamos os espaços discursivos, geográficos e afetivos ocupados pelas escritoras migrantes e seus personagens. Ao discutir obras de autores diaspóricos afro-descendentes, Wendy Walters (2005) problematiza as noções de lar/pátria e diáspora como parte de um construto binário, postulando que o duplo deslocamento da exclusão racial e do processo diaspórico contribuem para uma distância intelectual que, por sua vez, permite um posicionamento crítico. No caso de um estado-nação com uma história político-econômica tão conturbada como o Haiti, o número de sujeitos migrantes é tão significante que além das nove províncias geográficas do país, há referências constantes à “décima província”, descrita por Edwidge Dandicat como “flutuante e ideológica” e constituída através da diáspora. O presente trabalho tem como objetivo discutir o papel de Dandicat como intelectual diaspórica, cuja obra segundo Carol Boyce Davies, está situada entre a migração e a nação, promovendo um encontro crítico com a história.
  • Sandra Regina Goulart Almeida (UFMG)
    Gênero, diáspora e etnia: espaços de afeto e afiliação
    Partindo do pressuposto de que as novas diásporas da contemporaneidade têm destacado um lócus de enunciação privilegiado das narrativas de gênero, o presente trabalho pretende discutir as interseções entre essas diásporas contemporâneas e as questões de raça e etnia, que perpassam de forma contundente as reflexões sobre a crítica e a literatura da diáspora. Tais questionamentos vêm se constituindo, pois, como espaços significativos de afeto e filiação no contexto diaspórico, marcado pelo o que a crítica canadense Sneja Gunew denomina de “diaspora em série,” um conceito que remete a acomodações sequenciais e a movimentos através de fronteiras e limites geopolíticos, gerando novas e conflituosas economias afetivas. O presente trabalha analisa narrativas de escritoras da diáspora que questionam e interrogam os múltiplos espaços de afeto e filiação, ao mesmo tempo em que refletem sobre questões de gênero e etnia.
  • Cleusa Salvina Ramos Maurício Barbosa (IF-AL e UFAL)
    As (re)configurações identitárias do feminino a partir dos circuitos transnacionais na ficção de Bharati Mukherjee
    A proposta deste trabalho é analisar e discutir as (re)construções / (re)configurações identitárias do feminino a partir dos deslocamentos diaspóricos ocorridos nos romances Desirable Daughters e The Tree Bride, de Bharati Mukherjee. Para tanto, utilizaremos, principalmente, o aporte teórico de Stuart Hall (2003), perspectivando "uma nova articulação entre 'o local' e 'o global'". Como também, aplicaremos o conceito empregado por Inderpal Grewal (2005), das "'conectividades transnacionais' como o meio pelo qual sujeitos e identidades são produzidos". E ainda, trataremos da discussão sobre as "identidades de gênero" utilizadas por Judith Butler (2003).
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  • Fernanda Sousa Carvalho (UFMG)
    Concepts of mobility in Anne Rice’s The Queen of the Damned
    In my work, I apply concepts of mobility to the stories of vampires in Anne Rice’s novel The Queen of the Damned. The feelings of anguish and loneliness that assaults Rice’s vampires, especially female vampires, in this novel is due mainly to the impossibility of living normally among the human beings, and this is the main point that permits the application of concepts of mobility to their stories: these vampires’ condition as displaced creatures, as outsiders. My argument is that the concepts of mobility I am going to discuss — diaspora, exile, nomadism, border-crossing, and cosmopolitanism — apply to Rice’s female vampires in two levels: that of human life, in which the vampire is dislocated for not being human anymore; and the level more specifically geographic, which is related to the places that the vampires inhabited before being vampirized, and to those that they inhabit during their vampiric existence. Therefore, showing that The Queen of the Damned uses concepts of mobility, in that Rice follows a whole Western narrative tradition about dislocations and relocations, my work contributes to the argument that mobility is a fundamental factor to the description and representation of social relationships in gender terms in human life.
  • Natália Fontes de Oliveira (UFMG)
    Os diversos deslocamentos em A Mercy de Toni Morrison
    A Mercy de Toni Morrison retrata as distintas realidades referentes aos vários deslocamentos dos sujeitos femininos, as conseqüentes rupturas e a alteração da ética do cuidado. Sorrow, a única sobrevivente de um navio negreiro, se torna escrava do Mr. Vaark. Por ser negra e mulher no século XVII, Sorrow sofre inúmeras violências, sendo subjugada a inferioridade e a margem da sociedade, ela cria diversos mecanismos de cooperação. Em contrapartida, apesar de Rebekka ser branca e de origem Européia, ela é vendida pelo pai ao Mr. Vaark que está à procura de uma esposa. Durante sua viajem, Rebekka conhece outras mulheres que também partem para o Novo Mundo, que marca a ruptura de Rebekka com seu passado e inicia a criação de novas relações de gênero, que serão acentuadas por seu relacionamento com Mr. Vaark, e suas escravas. Lina, de origem indígena, vê sua aldeia eliminada por uma peste, e recolhida por soldados, é confinada a uma vila de Presbiterianos e posteriormente a escravidão. Lina se força a esquecer suas origens, e mesmo que involuntariamente mantêm algumas práticas culturais, ela absorve valores da cultura dominante para sobreviver. Portanto, é relevante considerar o pluralismo de experiências diaspóricas, assim como as implicações referentes raça, gênero, e classe social.
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  • Enilce do Carmo Albergaria Rocha (UFJF)
    Trânsitos culturais entre o Brasil e o Benin no romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves
    Neste trabalho analisamos os trânsitos culturais no romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves. O romancnarra a história não oficial dos afro-descendentes a partir do olhar da personagem Kehinde - avatar ficcional da lendária figura de Luísa Mahin, símbolo da Revolta dos Malês e da resistência à escravidão. O romance encena a saga africana no Brasil, e mostra a violência patriarcal e escravista no Brasil e na África. Kehinde narra sua infância em Savalu, no Daomé, marcada pelo estupro e assassinato da mãe e do irmão, a viagem com a irmã e a avó até Uidá, sua permanência em um entreposto de comércio e tráfico de escravos, o aprisionamento e a sua longa viagem ao Brasil, onde defende e negocia seus valores culturais, sobrevive, compra a liberdade e volta à sua terra natal, o atual Benin. Ali, como adulta retornada, adota o nome ocidental de Luísa, mescla o catolicismo à sua crença de origem, enriquece como comerciante e construtora de palacetes introduzindo a arquitetura luso-brasileira no Golfo do Benin. Ao resgatar um passado verossímel que evidencia a resistência dos escravos e o êxito dos retornados, o romance dirige-se ao leitor afro-descendente, narrando-lhe uma história de superaçào vinda dos antepassados a partir de uma perspectiva e visão de mundo do Atlântico Negro

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Prisca Agustoni de Almeida Pereira (UFJF)
    Depois dos navios, vieram as palavras: diálogo entre Clifton y Brand
    Nosso trabalho pretende colocar em diálogo alguns textos da poeta afro-americana Lucille Clifton (1937-2010) com os da poeta afro-canadense Dionne Brand (1953), com o objetivo de analisar a maneira como as duas autoras enfocam poeticamente os deslocamentos – geográficos, históricos, culturais e simbólicos – ocorridos com a diáspora africana na América. Num segundo momento, será considerada e investigada, por meio de citações de trechos de poemas, a implicação que essa abordagem acarreta no processo de reconfiguração da memória e das relações de gênero. Para tanto, serão considerados os livros Blessing the Boat, de Lucille Clifton, e thirsty, de Dionne Brand.
  • Rosvitha Friesen Blume (UFSC)
    Deslocamentos e exílios múltiplos em Herta Müller: confluências entre vida e obra
    A presente comunicação pretende apresentar e discutir alguns excertos da obra da ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura 2009, Herta Müller, na perspectiva dos múltiplos deslocamentos, objetivos e subjetivos, vivenciados pela autora, e que perpassam a sua obra. Como imigrante na Alemanha, vinda de uma região de minoria alemã na Romênia, tendo vivido sob o regime de Ceausescu os horrores de uma ditadura que a levaram ao exílio, a autora desenvolve em sua obra, especialmente a partir de uma perspectiva de gênero, exemplos do que se poderia denominar uma “poética das margens”, que permite entrever alternativas criativas para lidar com a exclusão e propõe uma noção de pertencimento cultural como um espaço de constante negociação entre as diferenças.
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  • Ana Beatriz Rodrigues Gonçalves (UFJF)
    Visões da pátria na poesia de Cristina Cabral e Marie-Célie Agnant
    O fenômeno da migração massiva, de deslocamento de populações que, por distintas razões deixam seus lugares de origem para instalar-se em outros locais implicam outras produções, outros sentidos, ou seja, percepções distintas de sujeitos deslocados. Nesse contexto proponho uma leitura da poesia de Cristina Cabral, escritora originalmente do Uruguai que vive nos Estados Unidos e da haitiana Marie-Célie Agnant, que mora atualmente no Canadá. Ao lermos seus poemas percebemos que ambas as autoras constantemente revisitam/re-escrevem seus países de origem. Observa-se outra forma de perceber, outro olhar. É a partir dessa re-escritura, dessa visão de sujeito deslocado que as poetisas articulam suas identidades diaspóricas.
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  • Juliana Borges Oliveira de Morais (UFMG)
    A representação de lar(es) no romance Geographies of Home
    Geographies of Home, escrito pela autora contemporânea Loida Maritza Pérez, retrata a história de uma família dominicana que emigra para os Estados Unidos devido à situação de pobreza e de falta de oportunidades no país de origem. Emigrar se torna uma possibilidade de esperança, de uma melhor condição de vida. No entanto, mesmo após anos vivendo nos Estados Unidos uma ideia insiste em rondar esta família: a de lar. Seja na forma de um desejo, de um medo, e/ou de uma memória, a ideia de lar é apresentada e re-apresentada de formas diversas no romance.
    No presente trabalho investigo como o conceito de lar é representado em Geographies of Home, tendo como objetos de análise as personagens Aurelia, Iliana, Rebecca e Marina. Minha tese é a de que não somente há vários lares, ao invés de um, para cada personagem, mas que também há diversos lares até para a mesma personagem. É minha suposição que enquanto uma visão tradicional de lar estabiliza e fixa este conceito, as personagens analisadas de Geographies of Home, que são mulheres e também diaspóricas, oferecem uma outra visão, sugerindo que lar é um conceito fluido, um processo ao invés de um produto em suas vidas.

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  • Flávia Rodrigues Monteiro (UFMG)
    Geographies of home: where does the mirror "Lie"?
    In Geographies of Home by Loida Maritza Pérez, readers are presented to a mosaic construction of the story of an immigrant family in the U.S. The story relies on the characters’ perceptions , especially on women’s experiences, and does not seek to reproduce what we may call “a stereotypical portrait”. In their search and construction of identity, the characters lead the readers to reflect on questions such as: do we produce a self-image or do we simply reproduce the image others expect us to have? Are the eyes of prejudice exclusive of others or are they embedded in our souls by our own passivism? These are some of the questions this paper tries to answer by exploring the characters’ perceptions regarding themselves, those around them and their environment. Considering that the novel does not address only problems related to displacement and immigration, my analysis also touches on issues concerning ethnicity, gender relations, family relations and psychological problems in order to offer a comprehensive investigation of the construction of the characters and of the portrait of their internal and external “places”. At the end of my work, I conclude that, the fluidity of the text through its multiple “reflections” raises the readers’ awareness on the issues explored in the novel.
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  • Aline Alves Arruda (IFSul de Minas)
    Identidades e diáspora em Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves e Geographies of Home, de Loida Maritza Peréz
    Este trabalho pretende analisar as marcas identitárias dos sujeitos diaspóricos nos romances Geographies of Home, de Loida Maritza Peréz e em Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves: duas histórias situadas em épocas diferentes, mas protagonizadas por sujeitos diaspóricos semelhantes. O romance Um defeito de cor foi publicado em 2006. É fruto de uma pesquisa de dois anos acerca da sociedade brasileira escravocrata do século XIX. O livro nos conta a história da protagonista Kehinde desde sua infância, no reino de Daomé, na África, onde nasceu, passando pela travessia a bordo do navio negreiro rumo à Bahia, cidade na qual viveu a maior parte da vida, e sua volta à África. O livro de Pérez, escritora nascida na República Dominicana e residente hoje nos Estados Unidos, narra a história de uma família de imigrantes dominicanos em Nova Iorque. Fugindo da pobreza e do medo vividos no país de origem sob a ditadura, a família busca nos EUA um lar (home). De personagem em personagem, Loida Maritza Peréz traça os caminhos da experiência imigrante latino-americana. Os sujeitos diaspóricos aqui analisados mostrarão que essa multiplicidade identitária permanece ao longo da História, refletida nas duas narrativas ficcionais analisadas neste trabalho.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Alexandre Veloso de Abreu (PUC-Minas)
    Deslocamentos para o Desmundo: colonialismo e diáspora no romance de Ana Miranda
    Oribela, a protagonista do romance Desmundo (1996) de Ana Miranda, é uma das muitas órfãs portuguesas que, em 1555, foram mandadas para o Brasil - colônia com o intuito de se casarem com os cristãos que já habitavam o novo mundo. Pelo ponto de vista de Oribela, percebemos seus anseios, sua busca de identidade e seus medos. Diante de seus olhos, a estranheza de um mundo multifacetado, com etnias e culturas sincréticas. Um (dês) mundo, não mundo. Um mundo deslocado, o mundo do outro. Na narrativa da escritora cearense encontramos reflexões sobre colonialismo e diáspora, várias versões na voz de Oribela, a voz feminina embargada, genuinamente retratada no romance.
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  • Maria Clara Versiani Galery (UFOP)
    Gênero e desterritorialização na re-escrita feminina da Tempestade
    No âmbito da produção literária pós-colonial, a alegorização de obras canônicas é uma estratégia frequentemente utilizada para contestar as representações do império e seu etnocentrismo. Nesse sentido, A tempestade, de Shakespeare, é um texto que, desde a segunda metade do século XX, tem ocupado um lugar privilegiado, tanto para contrapor a voz do oprimido à do opressor, quanto para ilustrar a experiência de desterritorialização. Valendo-me de um arcabouço teórico que inclui nomes como os de Fredric Jameson, Stephen Slemon e Gayatri Spivak, proponho uma discussão em torno da re-escrita feminina da Tempestade em que as relações de gênero e a desterritorialização estão re-configuradas por meio da alegorização de personagens shakespearianos tais como Miranda, Sycorax e Caliban. As principais obras a serem analisadas são Indigo, de Marina Warner e No Telephone to Heaven, de Michelle Cliffs.
  • Maria Cristina Martins (UFU)
    Mapeando as histórias de Zenia: mobilidades culturais em The Robber Bride, de Margaret Atwood
    Em The Robber Bride (1993) a autora canadense Margaret Atwood nos oferece uma releitura do conto “O noivo ladrão”, dos irmãos Grimm, considerado uma das principais variantes escritas da famosa lenda do Barba Azul. A caracterização de Zenia, pivô da trama de Atwood, como uma figura complexa, demoníaca e “estrangeira”, cujas “diversas origens fabricadas são, significativamente, todas Européias” (HENGEN, 1995), enquadra-se bem no cenário atual da discussão de "questões de gênero face às novas configurações sociais e geopolíticas, ocasionadas com o advento da globalização, do transnacionalismo e das novas diáporas da contemporaneidade". Nesse romance, Atwood busca, entre outras coisas, promover a desnaturalização de concepções tradicionais de vilania ratificadas pelos contos de fadas e também de conceitos convencionais da bondade e da crueldade femininas. Releituras como essa de Atwood fazem do processo revisionista uma forma importante de se rever parâmetros nas literaturas contemporâneas.
  • Juraci Andrade de Oliveira Leão (Faculdade Pitágoras)
    A escrita como instrumento de ressignificação dos espaços políticos de resistência na obra da poeta Adrienne Rich
    À luz da reflexão de alguns críticos, discuto, neste trabalho, o papel dos intelectuais no mundo contemporâneo, principalmente no contexto estadunidense, buscando compreender como a poeta Adrienne Rich tem ressignificado os espaços de resistência política por meio da escrita. Procuro focar a obra de Rich, como escritora e ativista, para verificar de que forma ela legitima seu discurso em um espaço ainda tradicionalmente masculino e de que modo rompe com o discurso patriarcal – base de sua educação formal – e busca revelar outras experiências em seu fazer literário e em seu discurso político. Investigo como sua escrita reflete a intenção de diminuir o distanciamento entre a intelectual e seus leitores. Em seu diálogo com outros escritores marginalizados, Rich procura valorizar a arte que não se prima pelo princípio mercadológico. Em sua visão, os intelectuais precisam estar atentos aos objetivos e tipos de arte que têm produzido. Procuro ainda verificar de que maneira a poeta articula sua posição política, que parte de uma formação intelectual tradicional, para uma prática que se ajusta à lógica moderna, destacando as possíveis contradições e tensões que daí resultam.
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  • Carlos Henrique Bento (IFMG - Congonhas)
    Amor e ideologia em Garota Encontra Garoto
    O livro Garota encontra garoto, de ali Smith, trata de amor e de ideologia, em um ambiente repleto de auto-descobertas. O livro propõe uma releitura do mito de Ifis, contado por Ovídio em As metamorfoses. Esse mito narra a transformação de Ifis, nascida mulher, em homem, para que pudesse se casar com sua amada Iante. Na versão de Ali Smith, Ifis é Robin, uma garota feminista e revolucionária que se une a Anthea em um romance que não exige a mudança do gênero de nenhuma delas. A união das duas provoca mudanças em Imogen, irmã de Anthea, que se vê às voltas com a descoberta da homossexualidade da irmã e a necessidade de resolver sua própria vida amorosa. Tudo isso ocorre em meio a vários deslocamentos, tanto em relação às descobertas identitárias, quanto no engajamento ideológico, quanto no deslocamento geográfico. Afinal, é no deslocamento entre a cidade de Inverness, na Escócia, e Londres que Imogen consegue elaborar todos os problemas e tomar decisões para os resolver. Finalmente, há o deslocamento do mito, que se renova para acomodar a possibilidade de se realizar o amor de Ifis e Iante em Robin e Anthea. Este trabalho propõe analisar o livro de Ali Smith, pensando como os deslocamentos operam as mudanças que dão novo rumo à vida das personagens.
  • Jair Zandoná (UFSC)
    Identidades de/na fronteira
    Pensar os limites territoriais entre os países no mundo contemporâneo requer estabelecer uma série de considerações, uma vez que não apenas os fenômenos culturais (seja de pessoas, capitais ou bens) advindos do esboroamento dos limites da comunicação, como também as fronteiras tentam – e são – reafirmadas em contextos específicos.
    Néstor Canclini (2007) sintetiza bem os processos locais de deslocamento intensificados no último século pela facilidade nunca antes experimentada de trânsito. É justamente no produto do deslocamento proveniente da migração legal e ou ilegal entre países de fronteira que nos propomos analisar o modo como o cinema leva às telas suas narrativas que, longe do happy end hollyoodiano, podem apontar as agruras de partir para o desconhecido, vivendo à espreita da ilegalidade. Para tanto, nos ocupamos de dois filmes que abordam, entre outras temáticas, esse assunto: Babel (2006), que entre suas histórias apresenta a vida de Amelia nos EUA, e La misma luna (2007), que acompanha a viagem de Carlitos em busca sua mãe até os EUA, para onde ela havia se mudado a fim de obter melhores condições de vida. Portanto, pretende-se investigar o entrecruzamento fluido provocado pelo atual movimento de deslocamento e o modo como está representado nesses dois filmes.

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