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01. A centralidade de gênero em povos indígenas

Coordenador@s: Angela Célia Sacchi (Fundação Nacional do Índio/FUNAI), Márcia Maria Gramkow (GTZ Cooperação Técnica Alemã)
Em determinados povos indígenas há uma diferenciação de gênero bastante marcada nos distintos âmbitos de suas agências, em outros ela se encontra modificada em decorrência de transformações das próprias culturas e do maior ou menor contato com a sociedade nacional. Tais mudanças interferem nos papéis atribuídos tradicionalmente a homens e mulheres, como também em muitos aspectos da organização social indígena.

O Simpósio Temático pretende ser um espaço de análise acerca da centralidade de gênero no universo indígena, refletindo sobre os (re)posicionamentos do masculino e feminino decorrentes de uma série de fatores: promoção de direitos indígenas, acesso à educação formal, novas práticas econômicas, realização de matrimônios interétnicos, experiências femininas no espaço público político e no movimento indígena, participação dos povos indígenas em projetos de políticas públicas, ocorrência de novas formas de violências, migração indígena aos centros urbanos, entre outros.

A dinâmica do ST integra a reflexão das mulheres indígenas no enfrentamento dessas questões, principalmente a partir de seus processos organizativos, em diálogo com a antropologia de gênero e a etnologia indígena.

Local: Sala 213 do CCE/A

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Mariana Daniela Gómez (CONICET-FFyL-ICA-UBA)
    Mujeres imaginadas: amazonas, bestias de carga, esclavas y libertinas. Representaciones sobre las mujeres indígenas y el género en el Gran Chaco
    Las observaciones y lecturas sobre el mundo femenino indígena chaqueño realizadas por los misioneros, expedicionarios y más tarde por los primeros etnólogos de la región, se plasmaron en cuatro imágenes estereotipadas sobre las indígenas del Chaco. Las mujeres como “amazonas”, “bestias de carga” y “esclavas o siervas” de sus maridos son tres representaciones que aparecen entre los misioneros (del siglo XVIII y XIX) y entre los expedicionarios que viajaron por el Pilcomayo a fines del siglo XIX y los primeros años del XX. Por el contrario, los primeros etnólogos de la región, criticaron estos estereotipos y forjaron una imagen nueva notablemente inversa: hacia principios del siglo XX una incipiente etnología chaqueña afirmaba que las indígenas del Chaco gozaban de una libertad inaudita en materia sexual y matrimonial, su trabajo era muy valorado y ejercían el poder y la autoridad en sus comunidades.
    En este trabajo invito a revisar cómo fueron retratadas las mujeres indígenas, el género y la sexualidad en el Chaco, mediante el diálogo y la tensión de imágenes, nociones, representaciones y descripciones elaboradas por distintos actores institucionales que se vieron vinculados a la expansión del Estado-Nación y el mercado en la región del Gran Chaco.


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  • Esther Jean Langdon (UFSC)
    Gênero na ideologia e na vida cotidiana dos índios Siona: domesticação e não predação como metáfora chave
    Nos últimos 15 anos, as metáforas de predação, caça, canibalismo e guerra vem sendo promovidas como as chaves para a interpretação das culturas indígenas das terras baixas. Por alguns etnólogos, “predação” e “caça” fundamentam as noções nativas de xamanismo, doença e morte e também explicam a lógica da cura. Sem negar a presença destas metáforas nestas culturas, este trabalho critica o enfoque exclusivo em metáforas de atividades masculinas. Frequentemente são adotadas sem consideração dos fatores que contribuem para a heterogeneidade de perspectivas e experiências. Entre estes, gênero e idade são fatores transversais que cruzam os fatores históricos, políticos e culturais que impactam nas estruturas simbólicas e práxis de um povo. Sem a consideração da presença e surgimento de outras metáforas, a ênfase nas metáforas masculinas pode reduzir o compreensão das sociedades indígenas a uma interpretação univocal masculina. Ênfase em predação como a metáfora chave ignora a multiplicidade de outros paradigmas e metáforas que permeiam os processos sociais e a heterogeneidade de perspectivas. Se utilizamos gênero, e não predação, como o ponto de entrada de analise, é possível encontrar que “cuidar” e “domesticar” também são metáforas chaves para a vida social e simbólica.
  • Wagner dos Reis Marques Araújo (UFAM), Iraildes Caldas Torres (UFAM)
    Trabalho e gênero na comunidade Sateré-Mawé I’nhaã-bé em Manaus, AM
    Neste artigo buscamos analisar o trabalho das mulheres Sateré-Mawé, habitantes da Comunidade I’nhaã-bé, localizada às margens do rio Tarumã Açu, afluente do rio Negro. Conhecedores da cultura do guaraná, os Sateré-Mawé domesticaram a trepadeira silvestre e criaram o processo de beneficiamento da planta. Mas o contato com a sociedade envolvente motivou essa etnia a deslocar-se do seu território tradicional, localizado na região do médio rio Amazonas, entre o estado do Amazonas e a divisa do estado do Pará. As mulheres foram as primeiras a deslocar-se para as áreas urbanas em busca de melhores condições de subsistência, trabalho, saúde e educação. Nesta abordagem, apresentamos uma etnografia básica da relação contrastiva entre o trabalho exercido na comunidade e a cultura tradicional sateré-mawé, enfatizando o sentindo desse trabalho para a comunidade étnica. Nesse caso, o trabalho da mulher indígena adquire múltiplos sentidos: a subsistência da comunidade, a afirmação da identidade étnica do grupo, as relações sociais e econômicas com a sociedade envolvente. Os rituais são resgatados como parte do patrimônio imaterial da etnia e, dentre os múltiplos sentidos que adquire, demarca as ralações sociais e de gênero entre os índios Sateré-Mawé.
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  • Antonella Maria Imperatriz Tassinari (UFSC)
    Fazer canoa e puxar barriga: aprendendo e ensinando saberes de homens e de mulheres Galibi-Marworno
    A comunicação apresenta os resultados de recente pesquisa de campo realizada entre os Galibi-Marworno/AP a respeito da transmissão de saberes masculinos e femininos.
    A partir de aspectos da organização social identificados em pesquisas anteriores, especialmente os laços formados no interior do "hã" (o grupo residencial uxorilocal) foram investigados dois processos de transmissão de conhecimentos de homens e mulheres, respectivamente: a fabricação de canoas e a experiência em “puxar barriga”. Esta última se relaciona à prática de massagens em mulheres (grávidas ou não) e articula conhecimentos relativos à fertilidade.
    A hipótese era que os conhecimentos femininos seriam transmitidos no interior do hã entre linhagens consangüíneas que compõem o núcleo uxorilocal, enquanto os conhecimentos masculinos envolveriam os homens relacionados por afinidade no grupo residencial (mas que se tratam por termos consangüinizadores e se relacionam segundo uma ética de consangüinidade). A pesquisa, porém, demonstrou que as linhas de transmissão desses saberes extrapolam os limites do hã e envolvem afins e consangüíneos nos dois casos. Ainda que exclusivamente masculinos ou femininos, as linhas de transmissão desses conhecimentos dependem das relações estabelecidas por meio dos cônjuges.

  • Barbara Maisonnave Arisi (UFSC)
    Vida sexual dos selvagens (nós): relato de experiência de uma antropologia reversa. Indígenas Matis pesquisam a sexualidade dos brancos e da antropóloga
    Esse trabalho trata de minha pesquisa de campo com os Matis, povo de língua Pano que vive na TI Vale do Javari, Amazonas. Vivi com os Matis em 2006 e novamente em 2009, dedicada a estudar como eles realizam a “economia de sua cultura”, como negociam com a mídia, turistas, indigenistas, antropólogos e outros indígenas para mostrar seus rituais, suas caçadas, seu modo de viver na floresta, suas tatuagens faciais. O que não esperava era tornar-me centro de uma pesquisa específica por parte dos Matis sobre os não-indígenas: o sexo praticado pelos brancos. Nesse artigo, relato como os Matis fizeram comigo o que Roy Wagner chamou de “antropologia reversa”. Como fazemos sexo? É verdade que as mulheres chupam o pênis de seus companheiros? A mulher fica em cima durante o ato sexual? Reuniões onde debatemos essas e outras questões ocorreram no centro da maloca, com homens e mulheres fazendo-me perguntas. Aqui, relato e analiso essa experiência um pouco singular e bastante instrutiva sobre igualdade, semelhança e diferença de sexualidades. Abordo também meu interesse na paternidade compartilhada Matis e o deles em minha experiência de concepção, contracepção e controle de natalidade.
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25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Fernando Antonio Duarte Barros Jr. (UFPE)
    Costumes tradicionais e políticas contemporâneas: avanços e retrocessos na autonomia da mulher indígena
    O presente trabalho é resultante de uma pesquisa de campo entre os Xukuru do Ororubá, população de “índios misturados” localizada no agreste pernambucano. Sendo uma das maiores populações indígenas do nordeste, providos de sistemas organizativos contemporâneos e formas de representação tradicionais, esse grupo tem freqüentemente sido utilizado como modelo de sucesso para outras populações do nordeste, em aspectos como promoção de educação diferenciada e modelos endógenos e sustentáveis de desenvolvimento por meio de atividades agrícolas.
    Nessa esteira, há de se destacar a peculiaridade com que se mostram as organizações burocráticas e social do povo Xukuru. Em muito, pode-se considerar reflexo da configuração das mais recentes políticas públicas no estado de Pernambuco, muito embora as suas atualizações tenham reforçado as estruturas tradicionais da população. Dessa forma, tem-se a constatação de uma nítida divisão de incumbências e interesses baseados no sexo. Assim, enquanto a gerencia de ações referentes à saúde e educação são delegadas quase que exclusivamente às mulheres, essas aparecem apenas como figurantes em debates acerca da promoção de desenvolvimento por meio de projetos sócio-econômicos.

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  • Clovis Antonio Brighenti (UFSC)
    Cultura e gênero: apropriação e transposição de práticas e saberes a partir da experiência Guarani
    Nossa comunicação tem por objetivo analisar como a temática gênero se faz presente nas sociedades indígenas, especificamente entre os Guarani em Santa Catarina e perceber em que nível esse debate emana de uma demanda desta sociedade ou é algo externo, provocado pela relação com os não-indígenas. Pretendemos identificar se esse debate está presente e até que ponto essa temática provoca inquietação nesta sociedade e como enfrentam esse desafio nas ações específicas como a luta pelos direitos advindos da relação com os não-indígenas, especialmente no acesso às políticas públicas. Tendo como pressuposto que esse debate tem avançado mais nas sociedades não indígenas que entre os povos indígenas, nos indagamos até que ponto esse tema é transportado para os indígenas como mais uma inquietação de nossas ciências do que propriamente uma apropriação. A luz das noções de cultura, identidade e etnicidade pretendemos analisar como o povo indígena Guarani relaciona-se com a temática de gênero e quais contribuições nos oferecem e onde podemos contribuir com seus conhecimentos.
  • Sofia Pereira Madeira (Unicamp)
    Alta fecundidade Guarani: centralidade ou vulnerabilidade da condição feminina?
    Os povos Guarani dividem-se em Nhandeva, Mbyá e Kaiowá e têm como base de sua organização social, econômica e política a formação de famílias extensas, isto é, grupos macro familiares que detêm formas de organização da ocupação espacial dentro dos territórios segundo relações de parentesco e afinidade. Neste contexto, as mulheres ocupam posição central, articulando esferas da vida social e cumprindo extensa jornada de trabalho que inclui tarefas domésticas e cuidados com filhos e netos; portanto, sua saúde e a plena realização de suas atividades são fundamentais para o bom funcionamento da estrutura do grupo. Sabe-se que homens e mulheres estão expostos a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte; a gravidez, por exemplo, é um evento relacionado à vivência da sexualidade e reprodução, não se caracterizando como doença, mas aumenta a morbimortalidade materna, tornando a mulher propensa a adoecer e morrer. O elevado nível de fecundidade Guarani, fortemente amparado em princípios culturais, intensifica a vulnerabilidade feminina; assim, são apresentadas a análise do perfil demográfico e medidas de fecundidade Guarani em diálogo com extensa bibliografia, a partir da qual se buscou conhecer os fatores sociocosmológicos, culturais e históricos explicativos deste perfil.
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  • Estella Libardi de Souza (UFPA), Mariah Torres Aleixo (UFPA), Marjorie Begot Ruffeil
    Maria(s) diversas, pen(h)as diferentes: entre violências domésticas, gênero e diversidade cultural
    Embora a Lei Maria da Penha tenha sido pensada tendo como parâmetro a mulher inserida na cultura ocidental, a violência contra a mulher também se faz presente entre povos etnicamente diferenciados e a Lei é alvo de discussões. No caso das mulheres indígenas, a Lei gera dilemas e coloca desafios, pois o combate à violência deve ser conjugado com o respeito à diversidade cultural, à autonomia indígena e aos sistemas jurídicos diferenciados vigentes entre os indígenas. As indígenas em situação de violência serão retiradas de terras e territórios para serem levadas a casas-abrigo? Os indígenas terão que responder criminalmente? Caso condenados, onde cumpririam as penas? Que conseqüências o afastamento ou a prisão do indígena trará à família e à comunidade? Na tentativa de contribuir para a superação dos impasses, tratamos da possibilidade de aplicação diferenciada da Lei Maria da Penha para indígenas nas aldeias, o que implica em discutir não apenas a diversidade cultural e jurídica presente no território brasileiro, mas também as diversas construções de modelos de gênero e, como conseqüência, as diferentes relações de gênero estabelecidas, pois, para a adequada aplicação da Lei entre indígenas é necessário discutir também a noção de violência(s) de gênero entre povos indígenas.
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  • Maristela Sousa Torres (PUC - SP)
    Um olhar sobre a violência intrafamiliar em aldeias Karajá
    Esse artigo faz parte da pesquisa que desenvolvo nas aldeias Karajá, e tem como objetivos observar quais são as mudanças que estão ocorrendo na vida da família e da mulher em aldeias Karajá, principalmente no que se refere às questões da violência intrafamiliar e doméstica. A questão da violência doméstica contra a mulher Karajá é uma das principais problemáticas que elas enfrentam em decorrência do contato com a sociedade não-índia. Gerada, quase sempre em função do uso de bebidas alcoólicas e outras drogas, a violência contra a mulher Karajá aumenta a cada dia, principalmente nas aldeias que estão localizadas próximas às cidades.
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  • Milena Fernandes Barroso (UFAM), Iraildes Caldas Torres (UFAM)
    Mulheres sateré-mawé e o significado da violência doméstica no município de Parintins – AM
    Compreender a violência doméstica contra as mulheres indígenas pressupõe entendê-la como uma categoria socialmente construída, onde suas significações são sempre específicas e por tal motivo devem ser compreendidas dentro de um determinado contexto; afinal, os atos considerados violentos não possuem um sentido fixo, mas são significados em seu entrelaçamento com outras práticas sociais. O artigo tem como objetivo refletir sobre os significados da violência doméstica para as mulheres sateré-mawé residentes na região urbana do município de Parintins. A pesquisa foi qualitativa, sendo realizada sob a técnica da entrevista semi-estruturada. Com o estudo percebemos que apesar das especificidades culturais, a violência contra as mulheres indígenas têm trazido restrições e sofrimentos para as mulheres indígenas. Confirmando a bibliografia estudada, a vivência da violência doméstica entre as mulheres indígenas Sateré-Mawé no município de Parintins também têm sido permeada pelo silêncio das experiências pessoais e por significações que apontam para questões da cultura indígena local.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Lady Day Pereira de Souza (UNIR), Arneide Bandeira Cemin (UNIR)
    Mulheres indígenas em Porto Velho: gênero, migração e participação política
    O desenvolvimento econômico na região amazônica influencia a migração das mulheres indígenas para a cidade e gera novas demandas por políticas públicas, além de acentuar a insuficiência das políticas existentes. Na cidade a oposição aldeado/desaldeado orienta a exclusão dos indígenas entre si, e a auto-exclusão em relação à aldeia. A oposição define-se pela existência ou inexistência de comunicação com as aldeias e também de interação política com os processos sociais das populações e organizações indígenas. As práticas sociais e as relações de gênero constituem um elemento significativo para entender as relações políticas com instituições e aldeias. Apresentamos o resultado parcial da pesquisa de mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente sobre mulheres indígenas que moram na cidade de Porto Velho (RO), desenvolvida no âmbito do projeto coletivo "Um estudo das violências que afetam as mulheres indígenas: tipos, contextos e estratégias de proteção dentro do respeito à pauta do direito à diferença".
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  • Daiane Amaral dos Santos (UFSM)
    A agência feminina e a negociação identitária indígena em um contexto urbano
    O presente trabalho visa problematizar questões que envolvem a formulação de uma prática econômica dentro um grupo indígena Kaingang, proveniente da área indígena Guarita-RS e que vem à cidade de Santa Maria-RS para comercializar seu artesanato. A partir de trabalho de campo junto a esse grupo, formado quase exclusivamente por mulheres, busco compreender como se estabelecem as relações de produção e comércio, tendo como “filtro” dessas experiências a cultura indígena Kaingang, suas especificidades e caracteres étnicos que destacam-se a partir da situação de contato.
    Permeando toda a pesquisa, está o protagonismo dessas mulheres kaingang no cenário urbano, um campo composto de agentes e suas agências já estabelecidas. Mais do que uma reivindicação identitária étnica, dá-se o surgimento de um auto-reconhecimento de cada uma delas enquanto central para o desenvolvimento de uma economia e comércio de suma importância para o sustento da família – tarefa a qual não lhes cabe fora desse contexto. Para além da busca por um poder, a agência torna-se uma maneira de fazer que subverte a ordem e cria novos papéis, já que estas mulheres indígenas marcam a fronteira entre sociedade nacional e sociedade indígena, negociando regras e manejando caracteres culturais, pouco conhecidos até então.

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  • Cinthia Creatini da Rocha (UFSC)
    O papel político feminino na organização social Kaingang
    Este trabalho procura abordar elementos voltados para as questões de gênero em um grupo Kaingang que reivindica a retomada da Terra Indígena Sêgu, localizada no que outrora fora considerado território tradicional e imemorial. O povo Kaingang, pertence ao tronco linguistico Gê Meridional e tem sido descrito como aquele que apresenta as esferas pública e privada, prioritariamente voltadas para os papéis masculino e feminino, respectivamente. A partir de dados históricos e do trabalho de campo, pretende-se refletir sobre esta construção teórica, evidenciando que em alguns movimentos contemporâneos de demanda territorial indígena, as mulheres Kaingang têm se apresentado como aquelas que, por trás das figuras das lideranças masculinas, mobilizam o grupo envolvido na reivindicação. Desse modo, as mulheres indígenas saem de cena como aquelas relacionadas a um lugar puramente doméstico, para assumirem um papel político feminino, que está na base da organização social Kaingang.
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  • Natalia Castelnuovo (CONICET-UBA)
    La participación política de las mujeres guaraníes en el noroeste argentino
    El objetivo de este trabajo es explorar de qué manera las mujeres guaraníes del noroeste argentino se apropian y adquieren nuevos conocimientos y prácticas culturales y se socializan en su propia cultura, identidad e historia impulsadas por técnicas del desarrollo. Ahora bien, ¿cómo se empoderan estas mujeres guaraníes? ¿Qué tipo de conocimientos y prácticas promueven los programas y técnicas de desarrollo? ¿Cómo se apropian y resignifican las mujeres indígenas de otros saberes? Y, ¿qué sentidos le otorgan a la formación en talleres sobre su propia cultura e historia? El trabajo indaga en dos instancias de participación de las mujeres en ámbitos públicos: las capacitaciones y el Taller de Memoria Étnica. Asimismo se analiza la transformación del rol político de las mujeres indígenas al interior de sus comunidades y su proceso de reafirmación étnica y cultural. Las mujeres guaraníes habitan en comunidades rurales del norte de la provincia de Salta. Tales comunidades han sido y continúan siendo el foco de una serie de acciones y programas de desarrollo impulsados por el personal técnico de una ONG. La perspectiva de esta investigación es antropológica y de género, presenta una breve contextualización histórica de los guaraníes en la zona.
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  • Dina Susana Mazariegos (UFSC), Antonella Tassinari (UFSC), Miriam Pillar Grossi (UFSC)
    Mulheres mayas na Guatemala: relações de poder, gênero, etnia e classe
    Este trabalho faz parte de pesquisa de dissertação de mestrado defendida no PPGAS-UFSC que tem como ponto de partida dez relatos de vida de profissionais acadêmicas indígenas mayas da Guatemala. Relações de poder e suas diversas expressões a partir da intersecção com o gênero, a classe e a etnia, são o eixo analítico que busca entender os nexos existentes entre as identidades dessas mulheres e seu trabalho político e intelectual. Apresenta-se o contexto no qual processos econômicos, políticos, sócio-culturais particulares, permitiram a constituição e a emergência das práticas discursivas destas intelectuais mayas. Os depoimentos colocam em evidência como se dão os processos de subjetivação e objetivação que constituíram as trajetórias dessas mulheres bem como, de suas diversas estratégias de resistência e transgressão. Tais estratégias resultaram em uma profunda transformação pessoal e emergem na forma como propõem e participam da construção de uma sociedade mais equitativa, transformando o conteúdo simbólico, político e social no qual se encontram as mulheres indígenas da Guatemala. Epistemologicamente, a Antropologia Feminista é o eixo que guia esta etnografia, se privilegiou a metodologia qualitativa, utilizando em particular a técnica de “Histórias de Vida e testemunhos”.
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  • Alejandra Aguilar Pinto (UnB)
    Reinventando o feminismo: as mulheres indígenas e suas demandas de gênero
    Trabalho apresentado no curso de pós-graduação em Ciência Política na disciplina Gênero e Política, tendo como foco de pesquisa as mulheres indígenas as quais a diferença da mulher ocidental, têm uma tripla discriminação causada por sua raça/etnia, ser mulher e sua condição geral de pobreza. Assim em alguns povos indígenas (Sámpi, Maias,etc.) reações femininas aconteceram em face às opressões vividas.
    O objetivo deste paper é analisar a questão indígena desde a perspectiva de gênero/etnia, procurando conhecer as práticas político-culturais que neste último tempo têm vindo desenvolvendo alguns setores femininos no movimento indígena com o apoio de organizações de terceiro setor e da sociedade civil.
    O foco será a emergência da “identidade étnica feminina insurgente”, isto é, aqueles grupos que conseguiram levantar sua voz através de diversas estratégias ou formas de resistência, como são as próprias organizações/redes políticas ou em aliança com a sociedade civil, no nível local, nacional ou global. Vai-se procurar conhecer os questionamentos ao feminismo “oficial”, acusado de exercer um “colonialismo discursivo” (Mohanty) ao representar às mulheres do chamado Terceiro Mundo sempre como vítimas e sujeitos passivos da dominação patriarcal.

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