Você está em: Página inicial » Simpósios Temáticos » 44. História e Gênero: diversidades das práticas discursivas identitárias ao longo do tempo/espaço

44. História e Gênero: diversidades das práticas discursivas identitárias ao longo do tempo/espaço

Coordenador@s: Lidia Maria Vianna Possas (UNESP - Marília), Miriam Cabral Coser (UFRRJ)
A utilização da categoria gênero por parte dos historiadores contemporâneos apontou para a negação de um determinismo biológico que explicaria os papéis assumidos por homens e mulheres enfatizando serem eles construções sociais e decorrentes de processos históricos específicos. Com a ampliação das pesquisas nesse campo a categoria ganhou fôlego e complexidade teórica ao evidenciar que havia distinções e diferenciações de papeis na medida em que se observou as classes, as etnias, as raças e uma perspectiva geracional. Dessa forma, estudar gênero significa investir cada vez mais na pesquisa empírica indagando a respeito das diferenças sexuais e da própria organização social da diferença sexual de modo a explicitar novas teorias. O estudo das práticas discursivas que, através do tempo e em diversos espaços, são construídas com o intuito de estabelecer tais diferenças e construir identidades que as aprisionam e são condições de exclusão tem sido objeto de diversos trabalhos da historiografia recente. Práticas discursivas aqui compreendidas não apenas como produções textuais, como também imagens, relatos, memórias, festividades, simbologias, mitos, etc. O profícuo diálogo que a História vem estabelecendo com os diversos campos das ciências sociais em muito tem enriquecido e ampliado os horizontes desta investigação. O presente simpósio temático tem como objetivo reunir trabalhos de historiadores, sociólogos, lingüistas, antropólogos e profissionais das demais áreas afins, que vem desenvolvendo trabalhos de diferentes abordagens visando analisar como o feminino/masculino tem sido construído ao longo do tempo/espaço, tendo como fundamentação os mais variados tipos de fontes documentais.

Local: Sala 334 do CFH

Resumos


24/08 - Terça-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Gabriela Eltz Brum (UFSC)
    "Female genital cutting" como pratica de construçao social de genero e identidade em sociedades africanas
    A pratica milenar de "female genital cutting" possui raizes profundas na estrutura social das sociedades africanas que, ainda nos dias de hoje, a praticam.Para as meninas que passam por essa experiencia, a submissao a essa pratica esta estreitamente relacionada à construçao do genero femenino e à feminilidade, bem como à construçao de identidade atraves do entendimento de que, ao serem submetidas à essa pratica, as mesmas se tornam membros pertencentes à uma comunidade e tornam-se em condiçoes "normais" para o casamento.
    Fatores religiosos tambem sao responsaveis pela perpetuaçao dessa pratica tao primitiva e cruel vista pelo olhar do ocidental.
    Esse trabalho visa mostrar de que maneira as construçoes sociais de genero e identidade se manifestam atraves da pratica de "female genital cutting" ,bem como expor a influencia da religiao como fator responsavel pela perpetuaçao da pratica de FGC.
    Para escrever esse trabalho, optei pelo uso do termo em ingles "female genital cutting" ao inves de mutilaçao genital feminina porque o uso da palavra "mutilaçao" demonstra a visao ocidental do assunto, por essa razao, prefiro usar um termo mais neutro ao tratar de um assunto tao complexo e controverso. Para as sociedades que executam tais praticas o termo usado e "circumcisao" femenina.

    DownloadDownload do Trabalho
  • Guilherme Rocha Sartori (UNESP - Marília)
    Práticas discursivas: um estudo sobre crimes de defloramento (1920-1940) na comarca de Bauru (SP)
    Apresentaremos nesta comunicação uma análise das relações de gênero, das relações de poder e das práticas sociais que permeiam o discurso jurídico na averiguação dos crimes de defloramento (atual crime de sedução). Para tanto, realizamos análises dos Inquéritos Policiais da Comarca de Bauru (SP), de 1920 a 1940, que foram instaurados por crime de defloramento. Na averiguação dos crimes de defloramentos, os agentes policiais (Escrivães de Polícia, Delegados de Polícia e Médicos Legistas) amparavam-se por concepções acerca do papel a ser desempenhado por mulheres na sociedade em questão, somado à manutenção de práticas autoritárias e violentas no trato com esses crimes. Também verificamos que os Inquéritos Policiais constituíam-se em instrumento punitivo e subvertiam sua função de elemento preliminar e investigativo do Sistema de Justiça.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Carlos Eduardo França (UNESP), Lidia Maria Vianna Possas (UNESP - Marília)
    Significações e conflitos de gênero: anulação da sexualidade dos homossexuais por um grupo de skinhead paulista
    O linchamento de Edson Neris da Silva, considerado homossexual pelo grupo de skinheads “carecas do ABC”, traça a tônica dessas reflexões, que pretendem refundir os significados das categorias de homem e mulher, superar fundamentos normativos que denunciam as permanências das relações de gênero e de poder cotidianas que permeiam a cultura brasileira. A abertura de novos espaços para discutir a idéia de multiplicidade de gêneros e diversas disputas políticas são imprescindíveis para superar as imobilizações e inserir novos sujeitos, que rompa com as fixações deterministas a que estão subordinados socialmente, e com manifestações culturais preconceituosas que anulam o outro, no caso os homossexuais, considerados por esses grupos extremistas como “anomalias” passíveis de serem excluídas da sociedade.
  • María Migueláñez Martínez (Universidad Autónoma de Madrid)
    "Virilidad y juventud: las luchas de representación y el anarquismo latinoamericano"
    En la década de 1920, las cada vez más fluidas relaciones con los movimientos libertarios del otro lado del Atlántico obligaron al movimiento anarquista latinoamericano a redefinir su “identidad” frente al otro europeo, a través de un conjunto de representaciones sexuadas que insistían en sus atributos de virilidad, juventud y vitalidad, y que concedían gran importancia a la fuerza física y a la agresión verbal. Los propios militantes pusieron en circulación estas representaciones a través de una serie de agentes, bienes, ideas y símbolos, que fluían de manera transnacional y que buscaban generar una homogeneidad identitaria al interior del movimiento, donde las identidades son siempre construidas, heterogéneas, cambiantes y están atravesadas por las relaciones de poder y las problemáticas de género. Propongo analizar este tema profundizando en la aún escasa bibliografía que ha “descubierto” la naturaleza sexuada del anarquismo, pero sobre todo aludiendo a un riquísimo conjunto de fuentes: la correspondencia y otros testimonios personales de los propios militantes, siempre masculinos, que nos permiten acceder a un universo simbólico de representaciones viriles que bien merecen un análisis más extenso.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Andréa Mazurok Schactae (UFPR)
    As comemorações de Tiradentes: memória e identidade de gênero na Polícia Militar do Paraná
    As comemorações em homenagem a Tiradentes, na Polícia Militar do Paraná, entre 1977 e 1983, possibilitam problematizar a existência de uma memória e de uma identidade institucional generificada, que se relacionam aos ideais da Escola Superior de Guerra e do Regime Militar. A existência de um Pelotão de Polícia Feminina, desde 1977, não alterou a memória e a identidade institucional identificadas nessas homenagens ao Patrono das Polícias Militares do Brasil, pois a Polícia Militar continua se apresentando como um espaço destinado a homens, como Tiradentes.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Claudia Andrade Vieira (UFBA / UNEB)
    Relações de gênero e o habitat urbano
    Este simpósio temático tem como propósito problematizar o lugar das mulheres no espaço público da cidade, parte da pesquisa de doutorado em andamento, cujo objetivo é analisar a relação das mulheres com a cidade do Salvador, Bahia, nas décadas 1930 e 1970. A partir de uma perspectiva multidisciplinar, estão sendo exploradas fontes diversificadas: memórias, produções textuais e imagens fotográficas da época são alguns dos testemunhos investigados. Pensar na cidade como espaço sexuado é reconhecer que as transformações nas relações de gênero devem ser consideradas como parâmetro fundamental nas mudanças ocorridas no espaço. A reestruturação das atividades de homens e mulheres é um componente central nesse processo, pois acreditamos que homens e mulheres percebem e usam a cidade de maneira diferente, e que a vida cotidiana das mulheres é qualitativamente distinta da dos homens – mesmo quando pertencem à mesma classe social, raça ou etnia, zona habitacional ou bairro. Nessa perspectiva é que estamos avaliando em que medida os recursos oferecidos pela cidade possibilitaram ou, ao contrário, restringiram a capacidade das mulheres mudarem suas vidas.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Cláudio Travassos Delicato (UNESP - Marília)
    Gênero e memórias: o relativismo das lembranças
    Fundamentado na multiplicidade de representações sobre a cidade que habitamos, apresentamos nesse trabalho parte de uma pesquisa cujo objetivo é analisar formas de sociabilidade vinculando lugares, memórias e relações de gênero, dando voz a indivíduos anônimos, com lembranças diversas e histórias vividas em temporalidades distintas. Uma questão é central: papéis de gênero orientam as lembranças? Por meio das lembranças sobre os lugares podemos perceber como as pessoas se interam e reagem às alterações formais e sociais do lugar em que vivem, recobrando a característica humana do espaço vivenciado em suas múltiplas temporalidades, e resistências muitas vezes silenciadas, submersas. A partir relatos diversos sobre a instalação de uma paróquia em um bairro da cidade de Garça - SP em meados da década de 1950 trataremos sobre a relatividade da memória e a diversidade narrativa na relação entre fatos e representações. Das imagens e dos sentimentos evocados, combinações entre vivências e espaços podem configurar representações de maneira a possibilitar a compreensão das diferentes práticas sociais e comportamentos relacionados aos lugares, especialmente as assimetrias em relação a papéis de gênero.
    DownloadDownload do Trabalho

25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Rachel Soihet (UFF)
    Do comunismo ao feminismo: a trajetória de Zuleika Alambert
    A comunicação discute a trajetória de Zuleika Alambert, primeira mulher a compor o Comitê Central do Partido Comunista no Brasil. Mostra como as situações de exílio, contato com os feminismos internacionais, além de situações existenciais, lhe possibilitaram perceber que questões vistas como próprias à esfera privada possuíam uma dimensão política. Nesse sentido, evidencia-se um processo de tomada de consciência de gênero, o que a leva a enfatizar a especificidade da questão feminina, discordando das teses tradicionais do referido partido que subordinava tal questão, unicamente, à abolição da propriedade privada e à mudança nas relações de classe.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Lidia Maria Vianna Possas (UNESP - Marília)
    Gênero e viuvez: (re) significando práticas identitárias e relações de poder
    Alterações das representações da viuvez e a presença de um fenômeno recentemente denominado de sua “feminização”,estão provocando a necessidade de novas análises diante das conjunturas da pós modernidade no advento do séc. XXI. A viuvez feminina, normatizada até recentemente pelos “bons costumes” não se reduz apenas a uma situação de perda do marido e de certas exigências questionáveis sobre o comportamento de reclusão, de solidão e de recado ainda presentes no imaginário coletivo.Dependendo das conjunturas é possível observar sinais de mudança das práticas identitárias. O que representou para as mulheres a “viuvez compulsória” nos anos de chumbo no Brasil frente à ditadura militar? Os feminismo(s) em seu movimento emergente deram conta dessa situação? Torna-se relevante captar através da experiência da memória, como “narrativas subterrâneas”, os percursos possíveis de mulheres viúvas nas lutas, na construção de redes e estratégias de sobrevivência empreendidas, seja na luta armada como na institucional. Os relatos mesmo apresentando distintas texturas temporais, a despeito das descontinuidades, permitem cruzar uma dimensão intersubjetiva e social revelando a diversidades de apropriação,a constituição de subjetividades não captadas pelo discurso normativo.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Ivana Guilherme Simili (UEM)
    A moda, as aparências e os gêneros: as indumentárias e as “feminilidades” da primeira-dama Darcy Vargas
    Nos estudos históricos e de gênero, a moda vem se constituindo como objeto de análise que possibilita conhecer uma gama variada de práticas e representações sociais e culturais envolvidas na trama das relações entre as roupas, as aparências e os sexos. Esta comunicação tem por objetivo explorar as fotografias de uma personagem que ocupou lugar de destaque no cenário histórico, com vistas a mapear as potencialidades das imagens para entender as articulações entre a moda e os gêneros. Examinaremos as fotografias da primeira-dama Darcy Vargas, esposa de Gétulio Vargas, relativas aos anos 1940, obtidas no acervo do CPDOC (Centro de pesquisa e documentação da Fundação Gétulio Vargas-RJ), concentrando a análise nos fragmentos visuais dos eventos sociais e políticos (festas, bailes, almoços e jantares), de modo a identificar as noções de feminilidade construídas pela personagem por meio dos artefatos indumentários. Esta abordagem evidenciará que, ao vestir-se para os eventos, a personagem ostentava na aparência as tendências de roupas, cabelos, maquiagem e acessórios preconizadas pela moda, as quais também se constituíam em roupagem para os conceitos de beleza, elegância e sensualidade compartilhadas pela sociedade e cultura da época para dizer/mostrar o feminino e as feminilidades.
  • Iole Macedo Vanin (UFBA)
    “Produção intelectual das médicas formadas na Bahia: o feminismo na tese de Itala de Oliveira”
    Em 2008 a Faculdade de Medicina da Bahia comemorou duzentos anos. Muitas foram as comemorações e, mas uma vez, a exemplo da historiografia oficial, a presença das mulheres no cotidiano da faculdade continuou invisível. A ausência de discussões pertinentes ao que atualmente classificamos como pertencentes ao campo da História da Ciência e Feminismo, não foi total, no entanto, entre o final dos oitocentos e primeiras décadas dos novecentos uma vez que a da presença das mulheres já era marcante nos cursos da FAMED e a sua articulação com a primeira onda feminista foi tema discutido na sala de aula. Ítala de Oliveira, médica e feminista sergipana, foi enfática, ao afirmar na sua tese de doutoramento, a existência destas discussões na medida em que apresentou a articulação que devia existir entre feminismo e medicina. O presente trabalho tem como finalidade analisar como as idéias feministas daquele período são apresentadas e articuladas com a medicina, especificamente com a educação sexual, na tese de doutoramento da médica sergipana; e é um dos resultados da pesquisa “Feminismo e Biomedicina na Bahia (1879/1949): Produção Intelectual das Médicas” que se encontra em desenvolvimento e conta com o apoio institucional do Conselho Nacional de Pesquisa/CNPQ.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Susane Rodrigues de Oliveira (UnB)
    As mulheres indígenas nas lutas contra a opressão e dominação colonial no Peru (séculos XVI-XIX)
    Esta comunicação se inscreve na perspectiva dos estudos pós-coloniais e feministas, com o objetivo de desvelar a participação das mulheres indígenas nas lutas contra a opressão e dominação colonial no Peru, entre os séculos XVI e XIX. Os indícios dessa participação, detectados nas crônicas coloniais e na historiografia contemporânea, possibilitam uma ruptura com os esquemas binários, hierárquicos e androcêntricos de gênero conhecidos no ocidente, pondo em questionamento as representações que foram tomadas como evidentes, universais e naturais a respeito da atuação das mulheres indígenas na história. Nesse caminho, almejamos descortinar novos horizontes para as identidades e as atuações de homens e mulheres em sociedade, ao romper com aquelas concepções arraigadas que se transformaram em crenças e colocaram-se como grandes obstáculos às mulheres indígenas no caminho da atuação política, na conquista da igualdade social/jurídica e no exercício pleno da cidadania.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Carla Christina Passos (UFBA)
    A primeira geração do feminismo: um diálogo crítico com o pensamento liberal
    Com o advento da sociedade moderna, o modelo do liberalismo suscitou um ambiente de euforia e excitação provenientes das revoluções dos séculos XVIII e XIX, principalmente na Inglaterra, França e Estados Unidos, e forneceu terreno fértil para propiciar indagações sobre o papel tradicional da mulher e a razão de sua exclusão no cenário político e social. O feminismo, ainda incipiente, questionava o liberalismo individual que preconizava a liberdade como direito de todo o ser humano e ao mesmo tempo, não permitia que a mulher pudesse usufruir a liberdade como direito natural em busca de seus próprios interesses, e ainda defendia a interdição da mulher ao confinamento da vida doméstica. Assim, a proposta do presente artigo foi articular um diálogo crítico entre o discurso do pensamento liberal e a primeira geração do feminismo.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Maria Rosa Dória Ribeiro (USP)
    A construção das identidades feministas no Brasil nos anos setenta
    As mulheres brasileiras que vieram a compor as fileiras feministas no Brasil na década de setenta eram, na maioria, provenientes da oposição à ditadura e das organizações de esquerda. Empenhadas no combate ao regime militar e/ou comprometidas com a revolução socialista resistiram a aceitar as idéias feministas como relevantes para o país. Na condição de combatentes viam a si mesmas vivendo uma suposta igualdade de gêneros. Em sua ideologia acreditavam que a luta de classes resolveria todas as demais contradições sociais. Diversos foram os caminhos que as levaram a reconhecer a opressão sexual como uma realidade que que exigia o protagonismo feminino na luta para reverter a inferioridade social das mulheres. Para muitas dessas militantes o distanciamento das ações, no tempo e no espaço, propiciado pelo exílio foram determinantes para vivenciarem e perceberem as próprias contradições. O trabalho político junto as mulheres trabalhadoras e/ou da periferia levaram outras a olharem para si mesmas e questionarem seus papéis sociais. Assumir a identidade feminista implicou em processos de individuação com rupturas internas e externas, que levou a reconstrução dessas mulheres.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Raphaela Souza dos Santos (UFF)
    Falando sobre mulheres a partir de mulheres - o feminino entre os anos de 1970 e 1989 no Brasil
    Este artigo integra uma pesquisa de doutorado, em fase inicial de desenvolvimento, que busca na relação entre História e Memória a compreensão de seu objeto de pesquisa. Apropriando-se dos estudos sobre gênero, categoria que enfatiza as construções culturais que dão lugar a mulheres e homens nas sociedades, buscarei compreender algumas das relações que podem se estabelecer entre os discursos produzidos pelos movimentos feministas durante as décadas de 1970/80 no Brasil. Entre os objetivos está a tentativa de delinear um panorama do projeto de pesquisa, a partir da compreensão de alguns aspectos da história dos movimentos feministas, durante o período citado, seus projetos educativos para as mulheres e, ainda, que outros projetos circularam na sociedade brasileira dessa época.
    DownloadDownload do Trabalho

26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Anamaria G. B. de Freitas (UFS)
    Das seletas literárias à construção de identidades de gênero: as propostas de Francisco Silveira Bueno na década de 1940
    O Professor Francisco Silveira Bueno editou na década de 40, do século XX, duas coleções de seletas literárias para o ensino ginasial: “Páginas Seletas” (para as classes ginasiais femininas) e “Páginas Literárias” (para as classes ginasiais masculinas) atendendo à proposta da Reforma de Gustavo Capanema para o ensino secundário, que propunha a existência de classes separadas para rapazes e moças. Os textos e autores selecionados para as duas coleções distintas revelam propostas diferenciadas de construção de identidades de gênero. No caso dos rapazes era preciso prepará-los para assumir funções públicas, estimulando a coragem e a dedicação à pátria; no caso das moças, as leituras indicadas pressupõem o cuidado com o lar e a maternidade como exigências futuras. Nos exercícios de composição propostos na maioria das lições, o autor expressa a necessidade de formação de valores e virtudes compatíveis com essas funções sociais diversas. As coleções didáticas do Professor Silveira Bueno foram publicadas pela Livraria Acadêmica e Editora Saraiva e circularam em diferentes estados brasileiros. O autor foi Professor Catedrático do Instituto de Educação Caetano de Campos, a partir de 1929, e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo desde 1939 até 1968.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Nadia Regina Loureiro de Barros Lima (UFAL)
    Como o gênero na ciência entra/funciona na escola: o silenciamento discursivo,a construção identitária feminina e o currículo oculto no ensino da matemática
    Com esse trabalho, buscamos tecer uma reflexão sobre os efeitos discursivos da política do silêncio nas relações de gênero presentes nas práticas escolares; particularizando estas práticas no ensino da matemática, enfocamos o discurso de docentes do 9° ano de escolas públicas e privadas, tendo como proposta a produção de textos escritos a partir da questão-temática:"Como percebo a aprendizagem da matemática por parte de alunas e alunos?". Para análise dos textos,contamos com o seguinte referencial teórico-metodológico:Teoria da Análise do Discurso filiada à Escola francesa de M.Pêcheux e,sobre as formas de silêncio, com a produção de Orlandi (1993); os Estudos de gênero e suas inserções nas questões da ciência, das práticas escolares e do currículo oculto a produção de: Scott, 1995; Harding, 1986;Tosi,1991;Auad,2006;Walkerdine1995;Dowling,2000;Silva,2004. Os resultados desse estudo apontam para pistas discursivas que identificam as práticas escolares,em relação ao gênero, com mecanismos de silenciamento político no processo ensino-aprendizagem: docentes, alunas e a matemática.No meio escolar, este mecanismo é conhecido como currículo oculto e contribui para a reprodução da desigualdade de gênero e construção identitária subjetiva feminina.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Ana Elizabeth Santos Alves (UESB), Tania Rocha Andrade Cunha (UESB)
    Memória do trabalho domiciliar e gênero
    Este trabalho tem como objetivo central analisar a memória do trabalho domiciliar realizado pelas mulheres nas oficinas de ferreiros, latoeiros e de couro na cidade de Rio de Contas, BA, período de 1950 a 1951, narrada no estudo de comunidade desenvolvido pelo antropólogo Marvin Harris. O trabalho praticado no espaço doméstico por pequenos produtores, naquele momento, estava por um lado, fortemente relacionado à vida familiar, envolvendo o marido, a mulher, filhos, outros membros da família e mais empregados, exercido de modo autônomo, pois o produto era diretamente comercializado com os compradores, assumindo uma forma de trabalho artesanal; e por outro, como uma forma de trabalho remunerado encomendado por terceiros, como parte de um determinado produto que vai ser montado em outro local. Em todas as formas de atividade é evidenciada a diversidade de inserção da mão-de-obra feminina. O trabalho remunerado, não-remunerado e o não-trabalho dividem o mesmo espaço na vida das famílias. A produção dos meios de vida e a reprodução da vida são desenvolvidas no mesmo lugar. Do ponto de vista metodológico o estudo está sendo realizado por meio de fontes bibliográficas e documentais.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Elizangela Barbosa Cardoso (UFPI)
    Multifaces da mãe (1920-1960)
    O trabalho aborda as formas de significação da mulher-mãe, em Teresina (PI), nos discursos literário, médico e católico. mostra a recorrência da significação da mulher enquanto mãe e a centralidade da maternidade na definição da feminilidade, no contexto, bem como indica a difusão e incorporação da higiene e da puericulutra nas práticas de maternagem.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Daniel Henrique Lopes (UNESP)
    Memória, gênero e educação: análise das práticas discursivas identitárias na cidade de Marília/SP na década de 1990
    Discursos democráticos conseguem transformar práticas cotidianas e alterar as formas como masculino/feminino são construídos? O presente trabalho tem como objeto de análise as relações de poder constituídas entre homens e mulheres na cidade de Marília/SP na década de 1990, conjuntura caracterizada pela ampla participação de ambos os sexos no âmbito dos agentes promotores da educação formal. A investigação situa-se no bojo das transformações ocorridas ao longo do século XX, sobretudo a partir do processo de redemocratização do país que evidenciou as lutas dos movimentos sociais feministas em prol dos direitos e da institucionalização do feminismo. Nesse sentido, buscamos reconstruir as identidades de sujeitos do “campo” da educação, através de relatos de memória, experiências e trajetórias vivenciadas enquanto atores sociais em um contexto permeado, simultaneamente, por contradições entre discursos democráticos e práticas emancipadoras e segregacionistas.
  • Florencia Rodríguez (Facultad de Filosofía y Letras-UBA/ CONICET)
    ¿Masculinidad clasista? Aportes a un debate aún abierto en el campo de la historia latinoamericana contemporánea
    Los aportes desde perspectivas de género para explicar procesos de lucha y radicalización política protagonizados por una fracción de la clase obrera mayoritariamente compuesta por trabajadores varones aún no han sido significativos en el campo de los estudios sobre la historia reciente del movimiento obrero en Argentina. Especialmente si los comparamos con los aportes que estas perspectivas produjeron en relación con la historia de trabajadoras mujeres y de las militantes guerrillas.
    Nuestro objetivo en esta ponencia es comenzar a recuperar los debates recientes sobre la generización del concepto y la perspectiva de clase, y los análisis la variable de masculinidad de los obreros y su relación con el trabajo.
    Creemos que una sistematización inicial de estas contribuciones permitirá introducir estos temas en la agenda de investigación del campo de la historia reciente del movimiento obrero, y comenzar a pensar abordajes que logren recuperar aportes de otros campos y disciplinas.
    Para ello problematizaremos desde una perspectiva de género y atendiendo a la variable de masculinidad los avances de nuestra propia investigación sobre las formas de lucha y organización de los trabajadores de Mercedes Benz Argentina y Propulsora Siderúrgica entre 1969 y 1976.

    DownloadDownload do Trabalho
  • Cecília Vieira do Nascimento (UFMG)
    E as mulheres não só pintam e bordam: ofícios exercidos por mulheres no século XIX
    Em pesquisa de doutoramento desenvolvida na Faculdade de Educação da UFMG venho ocupando-me com a seguinte questão: onde as mulheres elaboraram a condição de professoras? Para tanto, numa perspectiva histórica, venho reconstituindo trajetórias de mulheres que atuaram como professoras no decorrer do século XIX. Meus interesses de pesquisa sobre os ofícios realizados por mulheres convergem, em certa medida, para um ponto central: se as mulheres professoras não fossem para essa ocupação, teriam outras possibilidades de atuação? Quais eram efetivamente as oportunidades de trabalho para as mulheres do século XIX? Até que ponto as representações em torno do lugar das mulheres conformavam suas ocupações? Por meio de pesquisas empíricas, consultando sobretudo jornais de época, posso dizer de certa surpresa, ao perceber uma quantidade significativa, se comparada ao montante geral, de mulheres ocupando ofícios diversos, indo desde fazendeiras até proprietárias de fábricas diversas. Como contribuição parcial, a pesquisa tem evidenciado elementos que nos ajudam a aproximarmos do cotidiano e da vida de mulheres do século XIX, como possibilidade para pensarmos em uma diversidade vivida por um grupo que, em grande medida, tendemos a homogeneizar, demonstrando a multiplicidade de formas de vivenciar o feminino.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Norma del Carmen Cruz González (Instituto de Investigaciones Históricas de la UABC)
    Género y vida de las mujeres en la región de las Californias, en la frontera México-Estados Unidos durante la segunda mitad del siglo XIX
    La categoría de género es una herramienta útil para analizar las relaciones entre las mujeres y los hombres que vivieron en la región de las Californias, después de la conformación de la frontera México-Estados Unidos en 1848. La transición que se vivió en esta región entre el virreinato y el periodo independiente sentaron los antecedentes del proceso de secularización de la población de la Baja California, México. En el caso de Alta California, se vivió un crecimiento económico diferente y a una escala mayor en la medida en que se pobló el oeste estadounidense. En este periodo, existía una escasez económica en la Baja California y si bien había un decrecimiento de la población indígena, sucedía un crecimiento paulatino de la población mestiza, española y extranjera. En este trabajo, se enfatizará sobre la vida de dos mujeres que dejaron legado escrito y que recibieron una alta educación: María Amparo Ruiz de Burton y Prudenciana López de Moreno. La primera mexicana casada con estadounidense y la segunda “californiana”, unida con mexicano. A partir de su correspondencia podremos analizar, en un contexto de frontera, las actividades y diferentes expectativas de las mujeres de la segunda mitad del siglo XIX, tanto en sus relaciones, así como en las diferentes escalas sociales.
    DownloadDownload do Trabalho
  • Ana Carolina Freitas Lima Ogando (UFMG)
    Entre o público e privado: as relações de gênero no pensamento positivista e católico (1870-1889)
    Estudos feministas têm demonstrado como os papéis assimétricos de gênero servem tanto para reforçar a dicotomia público/privado quanto para ofuscar as dimensões de poder embutidas em ambas as esferas. Baseado nessas críticas, o trabalho visa a entender como duas importantes tradições normativas do pensamento político brasileiro produziram significados e concepções a respeito dos papéis de gênero na sociedade patriarcal no Brasil. Para tanto, busca, em primeiro lugar, analisar o pensamento positivista e católico da segunda metade do século XIX até o início do século XX no que tange à construção de tais papéis. Em segundo lugar, procura demonstrar (1) como esses significados legitimaram o papel da mulher no espaço doméstico por meio de sua exclusão da esfera pública e (2) quais seriam as implicações dessa institucionalização histórica e política para o enfrentamento de impedimentos à paridade de gênero.
    DownloadDownload do Trabalho
Apresentação | Site geral do FG | Comissões | Inscrições | Programação | Cronograma | Anais Eletrônicos | Simpósios Temáticos
Pôsteres | Minicursos | Oficinas | Reuniões | Cultura | Lançamentos | Mostra Audiovisual | Mostra de Fotografias
Crianças no FG9 | Informações úteis | Hospedagem | Transporte | Notícias | Entre em Contato
Visite o web-site da DYPE Soluções!